Cotidiano

Zika cresce no cérebro do bebê até 7 meses após infecção da mãe

62315892_RI Rio de Janeiro RJ 25-10-2016 Bebês com microcefalia - Pedro Emanuel 8 meses filho d.jpgRIO ? Pesquisadores americanos encontraram evidências de que o vírus da zika continua se replicando em cérebros fetais por até sete meses após a mãe ter se infectado, segundo um estudo publicado nesta terça-feira, dia 13. Realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, a pesquisa reforça que o vírus pode persistir nos cérebros infantis mesmo após o nascimento, como já haviam indicado outros estudos liderados por pesquisadores brasileiros. Não só a microcefalia, como também outros danos neurológicos podem se manifestar apenas algum tempo depois do nascimento do bebê.

? Nossas descobertas mostram que o vírus da zika pode continuar a se replicar no cérebro de bebês mesmo depois do nascimento, e que o vírus pode persistir em placentas por meses, muito mais do que o esperado ? afirmou, em um comunicado à imprensa, Julu Bhatnagar, líder da equipe de patologia molecular do ramo de Doenças Infecciosas do CDC.

As descobertas ajudam a explicar como o vírus causa efeitos tão devastadores nas crianças, ainda que as grávidas tenham tido uma doença considerada leve. Os pesquisadores testaram tecidos de 52 pacientes com suspeita de infecção por zika, incluindo tecidos cerebrais de oito crianças que tiveram microcefalia e mais tarde morreram. Eles também testaram tecidos placentários de 44 mulheres ? 22 dos quais tiveram bebês aparentemente saudáveis, e 22 cujas gestações terminaram em aborto espontâneo, bebês natimortos ou crianças com microcefalia.

RECÉM-NASCIDOS APARENTEMENTE SAUDÁVEIS PODEM TER PROBLEMAS

A equipe de cietistas encontrou material genético do vírus da zika em tecido cerebral fetal e em placentas mais de sete meses depois que as mães contraíram a doença. Em um dos casos, eles também encontraram evidências do vírus crescendo em uma criança com microcefalia que morreu dois meses após o nascimento.

Dos oito bebês que tiveram microcefalia e mais tarde morreram, todos testaram positivos para zika. As mães de oito destas crianças contraíram o vírus durante o primeiro trimestre da gravidez.

? Não sabemos por quanto tempo o vírus pode persistir, mas sua persistência pode ter implicações tanto para bebês nascidos com microcefalia quanto para bebês aparentemente saudáveis cujas mães tiveram zika durante a gravidez ? disse Julu Bhatnagar, cujos achados foram publicados na revista “CDC’s Emerging Infectious Diseases”.

No mês passado, a Organização Mundial de Saúde declarou que a zika já não constitui uma emergência internacional, mas enfatizou a necessidade de um esforço de longo prazo para combater o vírus, que tem sido associado a milhares de malformações congênitas e complicações neurológicas, especialmente no Nordeste do Brasil.

Ainda não há tratamentos ou vacinas para combater esse vírus, que é transmitido pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que carrega a dengue e a chicungunha.