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Zebras no futebol olímpico não são tão surpresa assim, dizem treinadores

BRASÍLIA – O torneio olímpico de futebol está longe do nível de uma Copa do Mundo. Além da limitação de idade para as convocações em 23 anos, com direito a apenas três exceções, só 18 jogadores podem ser convocados e nem todos foram liberados por seus clubes. Ou seja, o time teoricamente mais forte pode chegar à competição mais fraco do que realmente é. Ainda assim, após duas rodadas, alguns resultados têm causado surpresa na torcida, a começar pelos empates da seleção brasileira contra a África do Sul e o Iraque. Treinadores de equipes que participam da Olimpíada, porém, não veem tanta surpresa assim nos resultados.

Além do Brasil, outras seleções tradicionais, como Argentina e Alemanha, vêm enfrentando dificuldades na fase de grupos, e correm o risco de irem para casa mais cedo. Segundo o treinador Julio Olarticoechea, da Argentina, os maus resultados dos favoritos mostram a realidade de um futebol diferente do que era décadas atrás.

– Os brasileiros empataram duas partidas, poderiam ter marcado gols. Isso indica algo. Mostra que os rivais estão se fortalecendo. Times como Honduras e Argélia melhoraram – disse o treinador, fazendo referência a dois adversários da Argentina.

CRISE HERMANA

Até agora, em dois jogos no Engenhão, a Argentina perdeu para Portugal por 2 a 0 na última quinta-feira, e ganhou de dois a um da Argélia no domingo. Nesta quarta-feira, enfrenta Honduras com a obrigação de ganhar para passar de fase, uma vez que os hondurenhos, com os mesmos três pontos, têm saldo de gols melhor. Portugal, com seis pontos, já está classificado.

– Jogava-se contra essas equipes e faziam-se quatro ou cinco gols, porque eram desordenadas. Fisicamente não estavam bem. Hoje, ao contrário, estão fisicamente muito bem, taticamente muito bem. E sabem atacar – afirmou o argentino.

Assim como o Brasil, a Alemanha também não venceu até agora na Olimpíada. Foram dois empates, contra o México e a Coreia do Sul, mas ao menos com cinco gols marcados. Nesta quarta-feira, às 16h, no Mineirão, em Belo Horizonte, eles devem passar pela fraca seleção de Fiji, um país insular no meio do Oceano Pacífico, mas a classificação pode ficar comprometida. Se Coreia do Sul e México empatarem no outro jogo do grupo, realizado no mesmo horário no Mané Garrincha, em Brasília, as três seleções terão cinco pontos. Assim, passará quem tiver melhor saldo. Em outras palavras, quem tiver aplicado as maiores goleadas sobre Fiji.

Neste quesito, a Coreia do Sul sai na frente, por ter feito oito a zero na primeira partida. Mesmo empatando com os mexicanos, a seleção asiática vai se classificar, porque os adversários do último jogo da fase de classificação conseguiram fazer “apenas” 5 a 1 sobre Fiji. Além da goleada, a Coreia do Sul também conseguiu um empate com os alemães que, por pouco, poderia ter sido uma vitória. Os sul-coreanos estavam na frente até os 47 minutos do segundo tempo, quando a Alemanha fez o terceiro gol, empatando. Surpresa? Para o treinador sul-coreano, Shin Tae-Yong, não.

– O futebol coreano melhorou na última década, em todas as faixas etárias. Então não é grande novidade para mim – disse Shin.

A possibilidade ficar pelo caminho não parece assustar “El Vasco”, como é conhecido o treinador argentino.

– Depois de ter sido campeão do mundo (em 1986), na Copa América de 1987, fracassamos. No futebol, um dia está em cima, outro dia está por baixo. Não tenho medo do fracasso – afirmou o técnico da seleção olímpica da Argentina.