Agronegócio

Vazio sanitário: Termina neste sábado prazo para colher soja

Neste dia 15 de maio, o Paraná dá início ao combate à ferrugem asiática da soja

Armazém com soja recém-colhida em Sorriso (MT) 
27/02/2008
REUTERS/Paulo Whitaker
Armazém com soja recém-colhida em Sorriso (MT) 27/02/2008 REUTERS/Paulo Whitaker

Cascavel – Neste dia 15 de maio, o Paraná dá início ao combate à ferrugem asiática da soja. Nessa data, termina o prazo para a colheita ou a dessecação da oleaginosa, com o objetivo de preparar as áreas de cultivo para o vazio sanitário, período no qual é proibido semear ou manter plantas vivas de soja no campo, mesmo que involuntárias.

A medida visa reduzir a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, e evitar a possibilidade de ocorrência da doença durante a safra. No Paraná, o vazio sanitário ocorre de 10 de junho a 10 de setembro, sendo 9 de junho o prazo final para a eliminação de plantas vivas nas propriedades rurais.

A ferrugem asiática é considerada a principal doença da soja devido à rapidez com que se dissemina nas plantas e ao seu potencial destrutivo. Clima úmido e temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento do fungo, que se propaga facilmente pelo vento e pode incidir em qualquer estágio da cultura. Dependendo da intensidade e da severidade da doença, os danos podem causar perdas de produtividade de até 90%.

Por isso, durante 90 dias, nenhuma planta de soja deve existir nas lavouras paranaenses. “O fungo causador da ferrugem asiática precisa da planta de soja para sobreviver. Portanto, o vazio sanitário é importante para evitar a disseminação, reduzir sua presença no ambiente e garantir o retardamento dos primeiros focos na próxima safra. A principal forma de controle é o manejo precoce”, destaca Ana Paula, do Sistema Faep/Senar-PR.

Custos – De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem, a doença possui custo médio de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, incluindo métodos de controle e prejuízos com perdas. O Paraná é um dos estados que mais sofrem com a ferrugem asiática no País. No ciclo 2020/21, foram registradas 100 ocorrências da doença em planta, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 138.

As determinações e os prazos estão previstos na Portaria 342 de 2019, da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), e seu cumprimento é obrigatório. Os produtores rurais que não cumprirem as recomendações estão sujeitos à aplicação de multas e, em casos mais graves, interdição da propriedade.

Controle – A utilização de coletores de esporos (estrutura do fungo com alta capacidade de proliferação e que dá início à doença) tem se consolidado como uma técnica confiável para aperfeiçoar o manejo da ferrugem asiática nas lavouras. O coletor é um equipamento que detecta os esporos do fungo e auxilia técnicos e produtores na tomada de decisão sobre o momento da aplicação de fungicida.

A técnica inibe as chamadas “pulverizações calendarizadas”, que obedecem a um cronograma previamente definido, realizadas mesmo sem saber se há presença do fungo na lavoura. As aplicações desnecessárias acarretam em aumento do custo de produção, além de reduzir a eficácia dos fungicidas.

Alerta Ferrugem – Há três safras, os sojicultores paranaenses contam com o serviço Alerta Ferrugem, que monitora a ocorrência dos primeiros esporos de ferrugem asiática nas lavouras de soja. Fornece informações que auxiliam na decisão sobre o melhor momento para a aplicação de fungicidas – que não seja de forma precoce, que leva ao desperdício de produto, ou tardia, comprometendo a produtividade. Com isso, o uso de agroquímicos obedece a critérios estritamente técnicos, levando em consideração três fatores: lavouras no período de florescimento, presença de esporos na região e ambiente favorável para o desenvolvimento da doença.

“Os dados são um indicativo de que o fungo está circulando no ambiente. É um alerta para subsidiar agricultores e assistência técnica com relação ao momento em que a doença está entrando nas lavouras”, explica Edivan José Possamai, coordenador estadual do Programa Grãos do IDR-Paraná. “A cada três aplicações de um agricultor que não usa as informações do Alerta Ferrugem, o que usa faz apenas uma aplicação”, relata.

A ferramenta também mostra a importância do vazio sanitário, pois, quando há cumprimento correto da medida, a doença aparece mais tardiamente nas lavouras. Na safra 2020/21, foram registradas 208 confirmações de esporos, de 249 coletores instalados em propriedades estrategicamente selecionadas nas regiões produtoras no Estado.