Cotidiano

Um em cada três argentinos vivendo em áreas urbanas é pobre

2016 941799002-201609281815563590_AP.jpg_20160928.jpgBUENOS AIRES – Quase um terço da população argentina vive na pobreza, afirmou o governo do país nesta quarta-feira ao apresentar o primeiro relatório oficial sobre o tema em três anos, e sublinhando a dificuldade de atingir a meta de ?pobreza zero? do presidente Mauricio Macri.

Levantamento feito junto a 27,2 milhões de pessoas que vivem em 31 áreas urbanas da Argentina mostrou que 8,8 milhões, ou 32,2% delas, estão abaixo da linha da pobreza. Pouco mais de 6% foram consideradas como indigentes no segundo trimestre de 2016, de acordo com os dados do Indec, agência de estatísticas do governo.

? Saber que um em cada três argentinos se encontra abaixo da linha da pobreza é algo que nos machuca, algo que deve nos deixar com raiva e que tem de nos fazer nos comprometermos a trabalharmos juntos ? disse Macri.

A taxa de pobreza na Argentina é substancialmente maior que a do vizinho Chile, que reduziu o percentual para 11,7% da população em 2015, recuando dos 14,4% registrados dois anos antes. Nos Estados Unidos, 13,5% da população viviam abaixo da linha da pobreza no ano passado, queda na comparação com 14,8% registrados em 2014.

Para estar acima da linha da pobreza, pela definição do Indec, um domicílio precisa dispor de renda suficiente para arcar com despesas em alimentação e produtos de primeira necessidade para todos os membros daquele núcleo. Segundo o censo realizado pelo órgão em 2010, a população argentina é de 40,1 milhões de pessoas.

Macri implementou uma série de reformas favoráveis ao mercado desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2015, o que agradou Wall Street mas elevou a inflação e engordou o número de pobres no país. Isso resultou em queda no índice de aprovação do presidente, o que pode afetar negativamente o desempenho do partido de centro-direita nas eleições para o Congresso no ano que vem.

Ele também reorganizou o Indec após amplas alegações de manipulação de dados sob a gestão da ex-presidente Cristina Kirchner. A agência publicou dados sobre o tema pela última vez relatativos ao primeiro semestre de 2013, quando 4,7% estariam na pobreza.

Macri informou, por meio de comunicado divulgado no fim da tarde desta quarta-feira, que seu plano para atrair investimento, criar empregos e derrubar a inflação é o melhor caminho para reduzir a pobreza.

Sem dados oficiais confiáveis, Macri citou estatísticas apuradas por pesquisadores da Universidade Católica da Argentina. De acordo com esses números, em abril, 32,6% dos argentinos eram pobres, aumento na comparação com os 29% apurados em dezembro de 2015, já que a decisão de Macri de retirar o controle cambial, cortar subsídios e reduzir as taxas para exportações agrícolas resultaram em uma estimativa de inflação de 40% em 2016.

O presidente argentino definiu inflação como ?a taxa paga por aqueles que têm menos?.

A economia do país continua atolada em recessão, com o PIB (Produto Interno Bruto) encolhendo 2,1% no segundo trimestre de 2016.