Cotidiano

Toledo: média chega a 3 estupros por mês

Segundo a polícia, muitas ocorrências nem mesmo chegam à serem registradas

Toledo – Três crianças e até mesmo pessoas com necessidades especiais são vítimas de violência sexual todos os meses em Toledo. O dado é da Delegacia da Mulher e, apesar de alarmante, revela mais uma triste constatação: menos da metade dos casos chega a conhecimento público.

Conforme a delegada da Mulher de Toledo, Fernanda Moretzsohn, o principal problema é que esses casos acontecem dentro da própria casa. “De janeiro a julho, em Toledo, com uma população de cerca de 155 mil habitantes, já registramos 20 boletins de ocorrências de crianças que foram abusadas sexualmente. É muita coisa”.

Segundo ela, dentre os abusos estão, além do ato sexual em si, as famosas passadas de mão, ou mesmo o fato de obrigar a criança a se tocar e a ficar nua para que o agressor sinta prazer sexual. “A situação é muito preocupante porque a cada caso que chega até a polícia pelo menos mais um fica dentro de quatro paredes. Algumas pessoas podem pensar que o fato de um adulto tocar uma criança não chega a ser abuso, mas é tão traumatizante quanto uma ação mais invasiva”.

Dentre os abusadores mais comuns estão pais e padrastos, que se “aproveitam” da facilidade em ter uma criança em casa. “É triste pensar que as pessoas que deveriam cuidar dos pequenos, dando proteção e carinho, são justamente aquelas que mais causam traumas”.

Questionada em relação à conivência de algumas mães, a delegada ressalta que na maioria dos casos a genitora fica apavorada: “Quando sabem dos casos elas ficam aterrorizadas e, desta forma, a polícia vê que ela não tinha a mínima consciência do que acontecia dentro de casa. Mas há outras situações que ocorre o oposto: ela não acredita na criança e prefere apoiar no companheiro”.

Fernanda cita, inclusive, que o amor ao marido faz com que muitas mães acreditem que a vítima seja a responsável pelo abuso. “Os responsáveis, seja ela a mãe, pai ou qualquer outra pessoa que tenha a responsabilidade de cuidar do menor, tem que acreditar na vítima. É muito difícil uma criança, de cinco anos, por exemplo, inventar uma coisa dessas, principalmente com a riqueza de detalhes que ela repassa à família”.

Um dos casos relatados pela delegada é o de uma criança de pouco mais de dois anos, que foi violentada há pouco tempo. “A maioria das vítimas tem idade entre dois e sete anos. Nesse caso específico, a criança de dois anos contou exatamente como tudo aconteceu. A mãe não sabia. Muitos podem achar que elas são bobas, mas hoje em dia os pequenos estão mais inteligentes do que há alguns anos e elas não inventam histórias dessa maneira, aos três ou quatro anos, só para prejudicar alguém que elas não gostem”.