Cotidiano

Terceira edição do Educação 360 começa nesta sexta-feira

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RIO ? Palestras ministradas por pensadores e educadores de
destaque. Apresentações de iniciativas pedagógicas que provocaram pequenas
revoluções em escolas ou cidades. Debates necessários sobre assuntos atuais no
universo do ensino com a participação de profissionais que entendem do riscado e
se dedicam ao constante avanço do aprendizado. Tudo isso, e muito mais, está na
agenda da terceira edição do encontro Educação 360, que começa amanhã, na Escola
Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá. Realizado
pelos jornais O GLOBO e ?Extra?, em parceria com o Sesc, o evento é gratuito e tem apoio da Coca-Cola
Brasil, da TV Globo e do Canal Futura. As inscrições podem ser feitas no site educacao360.com.

links educação 360

Os trabalhos serão iniciados às 9h30, com uma conferência
da secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães,
que vai fazer uma análise sobre o ensino no país e abordar os desafios que o
Brasil precisa enfrentar nessa área para melhorar seus índices de aprendizado e
reduzir desigualdades. O primeiro dia de evento terá ainda uma série de oficinas
e de mesas de debate, nas quais os temas propostos serão debatidos a partir de
estudos de caso.

Na mesa ?Educação e cultura?, uma das poucas atrações
ainda com vagas abertas, serão expostas três iniciativas: o Coletivo Escola
Família do Amazonas (Cefa),
associação de pais e educadores que promovem a melhoria do aprendizado por meio
da educação integral; a aplicação da jornada de sete horas de ensino em escolas
municipais do Rio, que será detalhado pela secretária municipal de Educação,
Helena Bomeny; e o
Espaço Cria/Pólen, cuja proposta pedagógica se baseia em três pilares:
brincadeiras, saúde e o cuidado com as relações. Para discutir o tema, também
estarão presentes o filósofo e educador Fernando José de Almeida e o diretor
regional do Sesc em São
Paulo, Danilo Miranda. O debate será mediado pelo jornalista Antônio Gois, colunista do GLOBO.

? Quero falar da importância da educação e
cultura integradas como fundamento de uma transformação na vida das pessoas.
Para mim, são duas facetas de uma mesma moeda. Quando você amplia o conceito de
educação e pensa naquilo que transforma as pessoas, que as tornam mais capazes
de entender o mundo, a si mesmo e a sua volta, e amplia o conceito de cultura,
como o mundo em que estamos inseridos, vemos que estamos falando da mesma coisa.
Por isso, são indissociáveis ? explica Danilo Miranda.

CONTEÚDOS PRECISAM EXTRAPOLAR DISCIPLINAS

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O modelo que se vê na vida real, no entanto, ainda está
longe de ser o ideal, segundo o diretor regional do Sesc. Para ele, de forma geral, as escolas ainda
precisam aplicar o conceito de educação e cultura integrados. Além disso,
Miranda avalia que os professores têm que extrapolar o conteúdo de suas
disciplinas e, cada vez mais, abrir perspectiva para outras áreas, conexões e
possibilidades.

? As escolas que têm a visão ampliada, onde o indivíduo tem todo esse
percurso de formação bastante integrado, acesso a teatro, música, dança, poesia,
formam pessoas socialmente adequadas, adaptadas, mais capazes de se relacionar
com todas as outras a sua volta, têm um repertório ? afirma Miranda.

Outra atração do primeiro dia do encontro é a mesa ?Escola e comunidade?,
sobre a importância de valorizar conexões intersetoriais e em rede. O Projeto
Territoriar,
realizado pela Rede Marista de Solidariedade, vai ser o primeiro estudo de caso
apresentado. O projeto atua em vários estados, reunindo toda a comunidade
escolar para repensar os espaços pedagógicos.

Também faz parte da discussão o projeto Criativos na Escola, idealizado pelo
Instituto Alana, que recompensa ideias desenvolvidas pelos próprios alunos e que
tenham foco na transformação da realidade deles. A ONG vai apresentar um projeto
idealizado no Centro de Educação Nery
Lacerda, escola particular de Sobradinho, no Distrito Federal. Os alunos do 6° e
7° anos tiveram a ideia de usar o game Minecraft, uma espécie de Lego virtual, para
aumentar seu interesse nas aulas de história.

Para fechar o debate, será apresentada o projeto
elaborado para transformar o documentário ?Menino 23? em dispositivo pedagógico.
O filme é baseado na tese de doutorado do historiador Sidney Aguilar Filho e
conta a história de cinquenta crianças negras levadas de um orfanato do Rio de
Janeiro na década de 1930 e submetidas a trabalhos forçados no interior
paulista.

A sexta-feira do evento será também marcada pela conferência do renomado
sociólogo espanhol Manuel Castells,
que vai falar sobre o papel central da universidade na sociedade atual,
conectada em rede.

NO SEGUNDO DIA, MAFFESOLI E NÓVOA

No sábado, o encontro também começa às 9h30, com a participação do sociólogo
francês Michel Maffesoli. O
pensador irá expor suas reflexões sobre a nova relação entre professor e aluno.
Ele acredita que o tempo em que a escola era baseada na imposição de saberes já
passou, e defende que a mudança de paradigma da sociedade, hoje baseada nas
emoções, impõe a necessidade de reformulação da escola.

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Em concordância com os ideais de Maffesoli, o segundo dia do evento também contará
com um debate sobre a importância do papel do próprio estudante no seu
aprendizado. Um dos estudos de caso da mesa ?O aluno como protagonista? será o
Projeto Acredite!, criado pelo designer Andre Bello. A ideia de Bello é usar as
metodologias do design thinking para potencializar o raciocínio
criativo de jovens e crianças, ajudando-os a se tornarem adultos mais bem
preparados no futuro. Outra iniciativa que será apresentada é o trabalho
coletivo de parceria entre os educadores e as famílias realizado na Escola
Classe 314 Sul, em Brasília. Para encerrar a mesa, a professora Jonilda Ferreira, de Paulista, na Paraíba, irá
contar sua experiência de sucesso no ensino de matemática.

A administração escolar será tema da mesa “Gestão”. Um dos estudos de caso
relacionados ao assunto é a Escola Municipal Darcy Ribeiro, em São José do Rio Preto, no
interior de São Paulo. O diretor, Diego Lima, conseguiu reverter o quadro de
violência e mau rendimento dando voz aos alunos. A Junior Achievement, associação sem fins lucrativos,
também vai compor a mesa. A ONG busca despertar o espírito empreendedor em
jovens de escolas públicas e privadas para consolidar essa cultura na sociedade.
Fechando a mesa, o projeto de formação de coordenadores de educação infantil,
Aprender Linguagem, vai mostrar os resultados do trabalho realizado com 37
profissionais entre fevereiro e julho deste ano.

O encerramento do encontro ficará a cargo de António Nóvoa, professor e reitor honorário da
Universidade de Lisboa. Em sua conferência, o educador vai defender a criação de
um espaço institucional que se responsabilize pela formação de professores.

* Do “Extra”