Cotidiano

?Tenho horror a CPI?, disse ex-presidente do PSDB ao acertar propina

2012 561276985-2012101752267.jpg_20121018.jpgBRASÍLIA – O ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, já falecido, tinha horror a CPI. Foi o que ele mesmo disse em 21 de outubro de 2009, em reunião para acertar o pagamento de uma propina de R$ 10 milhões para o tucano. Na época, ele era senador e integrava a CPI da Petrobras. Em troca, Guerra atuaria para que outros parlamentares do PSDB não aprofundassem as investigações e, assim, tivesse continuidade o esquema criminoso instalado na empresa estatal. O áudio e o vídeo da reunião foram obtidos pela Procuradoria Geral da República (PGR).

? Nossa gente vai fazer uma discussão genérica, não vamos polemizar as coisas ? disse Guerra.

? Eu tenho horror a CPI, nem a da Dinda eu assinei. É uma coisa deplorável fazer papel de polícia, parlamentar fazendo papel de polícia ? acrescentou o tucano.

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Também participaram da reunião o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o lobista Fernando Soares (Fernando Baiano) e os executivos Érton Medeiros (representante da Galvão Engenharia) e Ildefonso Colares Filho (na época presidente da Queiroz Galvão). Na última quarta-feira, em um dos inquéritos da Operação Lava-Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia por corrupção passiva contra Eduardo da Fonte por ter intermediado a propina paga a Guerra.

Paulo Roberto e Fernando Baiano, hoje delatores da Lava-Jato, identificaram o momento da conversa quando foi acertado o pagamento da propina. Se deu aos 30 minutos e 50 segundos do vídeo, quanto Ildefonso disse:

? Dando suporte aí ao Senador, tá tranquilo.

? Conversa aí entre vocês ? respondeu Guerra.

Em outra parte da conversa, Paulo Roberto pede ao tucano ajuda no fechamento do relatório da CPI. Uma preocupação do ex-diretor era a Lei de Licitações, à qual a estatal não queria se submeter. Guerra respondeu:

? A primeira coisa é o seguinte, essa chamada CPI tem origem em vários movimentos, em várias origens, lá atrás eu conversei com algumas pessoas de vocês e dei um rumo nessa história, pro meu lado, né, como era pra ter todo o combate sem ir atrás das pessoas. Primeiro porque nós não somos da polícia, segundo porque eu não gosto disso. Terceiro porque acho que não construía em nada.

Paulo Roberto também comentou que é normal uma obra sair mais cara do que orçada inicialmente.

? Você pensa que vai gastar X, depois da casa pronta vai custar 3X, a gente sabe que funciona assim, não tem jeito. Então nas obras, quanto se tem intenção, até ter o detalhamento do projeto. a diferença é grande, mas tudo comprovado ? disse Paulo Roberto.