Cotidiano

Temer garante a aliados que evitará campanhas para manter coesão da base

BRASÍLIA. O presidente interino Michel Temer enfrentará pela primeira vez o dilema de não abraçar as campanhas de candidatos do PMDB para evitar atritos com os partidos que compõem a sua base aliada.

Com um governo que precisa dar respostas rápidas e eficientes na área econômica, especialmente, a prioridade do peemedebista é manter a coesão dos aliados no Congresso para aprovar as medidas de retomada do crescimento e de limitação de gastos públicos.

Em jantar na noite desta quarta-feira, no Palácio do Jaburu, com a cúpula do DEM, Temer afirmou que não irá se envolver em nenhuma campanha, garantindo neutralidade total.
Um dos participantes do jantar relatou ao GLOBO que o presidente interino disse que precisa se dedicar, agora, às questões do país, e que não pode “se dar ao luxo” de ver sua base implodir por causa de disputas locais.

Estiveram com Temer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro Mendonça Filho (Educação); o prefeito de Salvador, ACM Neto; o presidente do partido, Agripino Maia; e o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).

No Palácio do Planalto, há alguns dias aliados do presidente interino vêm tratando do afastamento de Temer das eleições municipais.

A situação considerada mais difícil para ele entre seus aliados é São Paulo, onde quase todos os candidatos são de partidos aliados. Principal patrocinador do ingresso da ex-petista Marta Suplicy no PMDB, agora, Temer precisará manter distância regulamentar da campanha da aliada para não criar arestas com o PRB, de Celso Russomano; e com o PSDB, de João Dória Júnior.

A decisão de não participar da campanha na maior capital do país é difícil para o presidente interino, pois há uma avaliação de que o partido que vencer esta disputa sairá fortalecido para a eleição presidencial de 2018. Houve, no entanto, um alerta de tucanos de que a interferência de Temer poderia prejudicar a relação com o PSDB, considerado o principal partido de sustentação de seu governo.

? Temer não vai entrar. A maior segurança do nosso governo dar certo é a consistência da nossa base de sustentação política. A economia só vai avançar se tiver essa coesão. Qualquer ato que possa comprometê-la deve ser rejeitado pelo governo, especialmente por Temer. Participar onde tem disputas entre partidos da base, nem pensar- disse ao GLOBO um auxiliar próximo ao presidente interino.

Têm chegado ao Planalto dezenas de pedidos de candidatos peemedebistas por vídeo e fotos com Temer para suas campanhas. Ainda não houve uma decisão quanto ao procedimento, mas o sentimento de assessores do peemedebista é de que ele não deverá se envolver. Cogita-se a gravação de um vídeo com conteúdo mais genérico para convenções do PMDB em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

? Pela experiência e pela elegância política, Temer não vai se envolver? disse outro auxiliar.

Quanto à participação dos ministros nas campanhas eleitorais, o Palácio do Planalto os dividiu em três categorias.

Os peemedebistas mais próximos de Temer e que são responsáveis pela articulação política, como Eliseu Padilha (Casa Civil), e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), deverão evitar palaques eleitorais.

? Todo mundo sabe que quando Padilha fala algo, ele está falando pelo presidente. Ele participar de campanha seria o mesmo que o próprio Temer se envolver ? afirmou um interlocutor palaciano.

O desejo no governo é de que os ministros do PMDB de áreas temáticas, como Hélder Barbalho (Integração Nacional), e Leonardo Picciani (Esporte), por exemplo, evitem entrar em bolas divididas, mas não haverá veto à participação deles em campanhas.

Já quanto aos ministros de partidos da base, o Planalto não dará nenhum tipo de orientação, nem vai censurar que trabalhem por seus candidatos.