Cotidiano

Temer diz que não processa Machado porque não ?fala para baixo?

Temer-GloboNews.jpgRIO ? O presidente interino, Michel Temer, rebateu, mais uma vez, a acusação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que o acusou de ter pedido propina, em forma de doação oficial, para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012. Temer reforçou que tem bom trânsito com os empresários e que não seria necessário pedir a alguém que intermediasse uma doação eleitoral. Temer afirmou ainda que Machado está procurando fazer um ?antagonismo com o presidente? e negou que vá processá-lo, porque este seria o desejo de Machado:

? Fui aconselhado a não responder, mas minha honorabiliidade está acima da Presidência da República. Não vou admitir que alguém se dirija a mim nesse tom. Vamos dizer que eu tivesse pedido uma colaboração e que ele tivesse obtido? Você acha que iria me servir dele, tendo, com toda modéstia, o prestígio que tenho no cenário nacional para falar com empresários? Os empresários falam e falavam comigo permanentemente. Jamais pedi a ele. Ele quer polarizar, e eu não vou dar esse valor a ele. Eu não falo para baixo.

Temer ? 21/6

Em entrevista ao programa do jornalista Roberto D?Ávila, da GloboNews, Temer afirmou que os três ministros que deixaram o cargo desde o início do governo (Romero Jucá, Fabiano Silveira e Henrique Eduardo Alves), após o surgimento de novas denúncias da Operação Lava-Jato, pediram para sair.

O presidente lamentou ainda a situação do Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), suspeito de ter recebido R$ 100 mil de propina em sua campanha para deputado federal em 2014. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, viu indícios de irregularidades em uma mensagem apreendida no celular de Walmir Pinheiro, ex-diretor da Construtora UTC.

? Coitado. Está sendo atingido porque mandaram R$ 100 mil para o DEM, o DEM mandou R$ 100 mil para ele, e o Machado disse que é dinheiro indevido. Coitado do Mendonça, francamente ? afirmou Temer, que citou erroneamente o nome do ex-presidente da Transpetro.

O presidente negou ainda a influência de Eduardo Cunha na nomeação de André Moura (PSC-SE), suspeito de tentativa de homicídio, para a liderança do governo. Temer chamou o presidente afastado da Câmara de ?batalhador político e jurídico?.

DILMA ?QUER VOLTAR E NÃO GOVERNAR?

Michel Temer chamou de ?esdrúxula? a intenção da presidente afastada, Dilma Rousseff, de viajar o país para afirmar que seu afastamento significou um golpe na democracia. Após a hipótese ganhar força, a Casa Civil limitou os deslocamentos de Dilma no avião oficial entre Brasília e Rio Grande do Sul, onde a petista tem residência.

? A senhora presidente tem o Palácio do Alvorada, o Palácio do Torto, tem avião para se locomover ao seu estado. Convenhamos, não está no exercício da Presidência, portanto não tem atividades de natureza governamental. Ademais, pelo que sei, a senhora presidente utilizaria o avião para fazer campanha denunciando o golpe. É uma situação um pouco esdrúxula, estranha. Por isso que quando se deu a interceptação jurídica do transporte aéreo, se deu para o seu estado. E jamais faltou comida, evidentemente foi uma brincadeira ? afirmou.

Temer criticou ainda a convocação de um plebiscito para que a população decida se quer novas eleições para a Presidência. Para o presidente interino, o projeto indica que Dilma ?quer voltar e não governar?.

? Não acho útil para a senhora presidente (defender o plebiscito). No instante em que ela admite plebiscito para eleições, é porque ela deseja voltar para depois não governar. Não saberia dizer (se teria governabilidade caso voltasse ao poder) ? disse.

Em mais de um momento, Temer rechaçou a posição de interinidade e afirmou que está atuando na Presidência como se fosse efetivo. Temer, no entanto, afirmou que não enviará a proposta de reforma da Previdência ao Congresso enquanto não houver uma decisão definitiva do Senado, que poderá optar pela cassação do mandato de Dilma. Setores do governo vinham defendendo que o projeto fosse apresentado em julho:

? Na prática, não tenho agido assim (como interino). Evidentemente, depois da decisão do Senado abre-se um campo muito mais vasto para a governabilidade. Certas questões, que neste momento ainda não deu tempo de tratar, eu tratarei depois, como a reforma da Previdência. Acho que só poderei pleitear uma reforma da Previdência se tiver a efetivação.