Cotidiano

Silêncio de Dylan sobre Nobel pode lhe custar prêmio de US$ 900 mil

Links Bob DylanRIO ? Enquanto muitos escritores estariam correndo para receber cerca de um milhão de dólares por uma palestra, o silêncio de Bob Dylan, desde que foi condecorado com o Prêmio Nobel de Literatura, pode fazer com que ele jamais receba o dinheiro da premiação. O cantor e compositor norte-americano ainda não se pronunciou sobre a homenagem anunciada há duas semanas. Aos 75 anos, Dylan foi homenageado por ter criado “novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção norte-americana”.

A Fundação Nobel não aceita rejeições ? o nome de Dylan será listado como o do vencedor de 2016 independentemente do que ele disser. Mas, pelas regras do Nobel, o vencedor precisa fazer uma palestra sobre literatura para receber os US$ 900 mil da honraria.

A ideia é discutir um tema que seja “relevante para a obra a que o prêmio foi concedido”, dentro seis meses após o dia 10 de dezembro, data do aniversário de morte do fundador do prêmio Alfred Nobel.

Para Per Wastberg, membro da Academia Sueca que concede o prêmio, o silêncio de Dylan foi considerado “mal-edcado e arrogante”.

“É isso que pedimos em troca”, disse Jonna Petterson, porta-voz da Fundação Nobel, acrescentando que Dylan também poderia optar por apresentar um show em vez de uma palestra. “Estamos tentando chegar a um acordo que funcione para ele”.

A palestra ? ou show ? também não precisa ser apresentada em Estocolmo. Quando a romancista britânica Doris Lessing ganhou o Nobel de Literatura, em 2007, estava doente demais para viajar. Por isso, enviou sua palestra para um editor sueco, que a leu durante a cerimônia oficial.

Ao longo dos anos, apenas seis homenageados recusaram o prêmio. Um deles foi o francês Jean-Paul Sartre, em 1964 ? anos mais tarde, enquanto passava por um período difícil, seu advogado pediu à Fundação Nobel, para enviar o dinheiro ao autor. Eles se recusaram.

A escolha de Dylan gerou controvérsias no mundo inteiro, com pessoas questionando se o trabalho do autor que qualificaria como literatura, e outros que defenderam que a Academia perdeu a oportunidade dar voz a artistas menos conhecidos.