Se o filho tem pressa dentro das pistas, os pais levam a vida em um ritmo mais tranquilo fora delas. Wellesley e Jennifer Bolt, pais de Usain St. Leo Bolt, chegaram com uma hora de atraso para uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, em um hotel em Copacabana. De fala mansa e um pouco tímidos, mas com o bom humor característico dos jamaicanos, o casal revelou que visitou o filho ontem à noite na Vila Olímpica e que Bolt prometeu que não vai decepcionar o público carioca no Rio-2016.
– Ele é muito competitivo. Não gosta de perder. Conversamos sobre isso e ele disse: ‘Se fosse para perder, eu não estaria aqui’ – disse Jennifer.
Wellesley completou:
– Ele está empolgado. É sua última Olimpíada, e ele quer a glória. Podem esperar grandes coisas dele no Rio.
Apesar do sucesso do filho, o casal segue morando na pequena Trelawny, em Sherwood Content, a cerca de 3,5 horas de carro da capital Kingston. Wellesley ainda trabalha no seu armazém vendendo legumes e verduras.
– Lá todo mundo nos conhece, é mais fácil. Não seria justo mudar a atitude depois que Usain ficou famoso. E gosto de seguir trabalhando para ocupar minha mente e meu tempo – disse Bolt pai.
Os pais recordaram que a velocidade de Usain começou a chamar a atenção quando ele tinha 12 anos, e vencia todas as provas da escola. O menino que nasceu uma semana e meia atrasado em relação à data previsa – ‘única vez em que ele não teve pressa’, riu Jennifer – desde cedo deu sinais de hiperatividade. A mãe não sabe qual foi a receita para criar o maior velocista do mundo, mas arrisca um palpite.
– Bom, plantamos muita mandioca em Trelawny. Lá ele comeu muita mandioca. Quem sabe? – disse, arrancando risos.
Usain Bolt estreia neste sábado nas eliminatórias dos 100m rasos. No domingo, o jamaicano tenta seu terceiro ouro olímpico na prova. Para Wellesley, a conquista do filho seria um presente inesquecível, justamente no Dia dos Pais.
– Ele vencer os 100m no Dia dos Pais no Brasil vai ser o maior presente que ele vai me dar na vida.
A orgulhosa Jennifer disse esperar que, após a aposentadoria, o filho continue no esporte, como embaixador do atletismo. E disse que o público vai sentir falta de Usain Bolt nas pistas.
– Sem ele o atletismo vai ficar chato.
