Cotidiano

Sanfoneiros fazem encontro na Bahia que vai virar DVD

Depois de três dias de apresentações, terminou anteontem o IV Festival
Internacional da Sanfona de Juazeiro, na Bahia. Foram mais de dez shows, entre
eles do americano Murl Sanders, tocando clássicos do blues e até Beatles, o duo
argentino de tango Vania Tagini e Gabriel Merlino e os brasileiros Renato
Borghetti, Mestrinho e Oswaldinho. Tudo foi gravado e, junto com o material das
outras três edições do festival, o sanfoneiro e produtor Targino Gondim fará um
DVD. Entre as preciosidades, está um dueto histórico, gravado em 2010, de
Dominguinhos e o acordeonista americano Frank Marocco, que já tocou com Prince,
Madonna, Pink Floyd e fez trilhas para mais de 300 filmes.

? Foi um encontro que qualquer sanfoneiro do mundo sonhou ver. São dois
gênios, de escolas e estilos diferentes. O Frank Marocco é um dos maiores da
escola do jazz, e o Dominguinhos é da escola nordestina do Luiz Gonzaga.
Trata-se de uma raridade ? diz Gondim, lembrando que, depois de uma jam session,
os dois emendaram ?Chega de saudade?, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. ? O DVD
ainda não tem previsão de lançamento, mas será produzido pelo José Milton, que
foi responsável pela bíblia do forró ?Cada um belisca um pouco? (CD da Biscoito
Fino de 2004 com os sanfoneiros Dominguinhos, Sivuca e Oswaldinho).

O festival já reuniu mais de 40 sanfoneiros do mundo todo em Juazeiro. Na
edição finda anteontem, apresentaram-se no palco do Centro Cultural João
Gilberto músicos de regiões e estilos diferentes. O típico som gaúcho da sanfona
de Renato Borghetti se misturou à sonoridade nordestina do Quinteto Sanfônico da
Bahia e ao estilo americano de Murl Sanders, na quinta-feira, primeira noite do
evento. No sexta-feira, teve a dupla argentina de tango Vanina Tagini e Gabriel
Merlino e o versátil sanfoneiro Oswaldinho, que tocou clássicos do forró e até
uma versão de ?Asa branca?, numa pegada blues. O sergipano Mestrinho mostrou um
show mais cadenciado, repleto de brasilidade, em homenagem ao seu mestre,
Dominguinhos. O workshop de harmonia e acompanhamento do acriano Chico Chagas
ficou lotado de nos dois dias. O evento ainda contou com exposição de fotos e
instrumentos e o show de encerramento de Fagner.

? Eu sempre usei da minha credibilidade para trazer
esses músicos para cá. O Dominguinhos veio nas duas primeiras edições. O Sivuca,
eu cheguei a convidar mas não deu tempo, porque ele morreu antes. Agora, temos o
Oswaldinho, que está em todas as edições. Ele é o único dessa tríade sagrada do
acordeom que está vivo e continuará vindo sempre ? conta Gondim, que, ao ser
lembrado de que deixou Luiz Gonzaga fora desse rol de craques, faz questão de
explicar. ? Luiz Gonzaga não conta, porque Luiz Gonzaga é Deus.