Cotidiano

Sacrifício de gorila para salvar menino gera críticas a pais negligentes

CINCINATTI – O sacrifício de um gorila no zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos, após um menino de 4 anos ter caído na área de isolamento do animal, causou revolta e levantou questões sobre segurança, mas representantes do zoológico consideraram a decisão de usar força letal uma escolha dura, mas necessária.

Mais de 130 mil já pessoas assinaram petições no site Change.org sobre o caso. A maioria coloca o zoológico de lado e critica os pais do menino, pedindo que eles sejam criminalmente responsabilizados. Numa delas se pede a criação de uma lei para proteger animais em zoológicos, responsabilizando os visitantes que causarem mortes ou danos físicos. A outra pede que o pais do menino respondam criminalmente por negligência e pede uma investigação por maus tratos: “se eles tem essa negligência na rua, imaginem em casa”, diz um dos assinantes.

O zoológico explicou sua posição em um post no Facebook no domingo, lamentando a morte de Harambe, mas dizendo que não teve escolha. Os quase 10 mil comentários são praticamente unânimes em culpar os pais, para quem pedem punições criminais.

A polícia de Cincinnati disse neste domingo que os pais não foram acusados por nenhum crime ainda, mas que podem eventualmente responder, com a ação dependendo da promotoria local. Uma porta-voz da promotoria não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.

O gorila Harambe, de 180 quilos, foi morto a tiros 10 minutos depois de ter encontrado e arrastado a criança. O animal, um gorila das planícies ocidentais, é de uma espécie ameaçada, e o zoológico disse que tinha a intenção de utilizá-lo para procriação.

Testemunhas disseram a uma TV local que o garoto repetidamente expressou desejo de entrar na área reservada do gorila. Momentos depois, ele passou por uma grade e caiu cerca de quatro metros, para dentro do poço que cerca o habitat, onde Harambe o pegou, disseram representantes do zoológico.

O animal arrastou a criança várias vezes nesses 10 minutos antes de ser morto. O menino teve ferimentos e está internado num hospital infantil de Cincinnati para tratamento de lesões menores. Representantes do hospital, citando leis de privacidade, não deram detalhes. Segundo a direção do zoológico, não houve escolha: os tranquilizantes demorariam para fazer efeito, e os animais geralmente reagem antes de caírem inconscientes.

“Eles fizeram uma dura escolha e fizeram a escolha certa, porque salvaram a vida do menino”, disse o presidente da instituição, Thane Maynard, no sábado, acrescentando que um membro da equipe de resposta a riscos animais do zoológico foi quem matou o gorila. Foi a primeira vez nos 38 anos de história da exibição de gorilas do zoológico de Cincinnati que uma pessoa não autorizada foi capaz de entrar no local cercado.

Gorilas das planícies ocidentais habitam as densas florestas tropicais de Camarões, da República Centro Africana, da República Democrática do Congo e de Guiné Equatorial. A população desse animal declinou em mais de 60 por cento nos últimos 20 a 25 anos, de acordo com a Federação Mundial da Vida Selvagem.