Política

Rossoni recebeu R$ 460 mil em propina, afirma delator

Curitiba – O depoimento do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, ao Ministério Público Federal, em delação premiada dentro da Operação Quadro Negro, envolve ainda o atual secretário-chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB). Segundo o delator, Rossoni recebeu dinheiro dentro Assembleia Legislativa do Paraná, quando era deputado estadual, como forma de compensação por contratos fraudulentos de construção de escolas. As informações estão nos documentos da Operação Quadro Negro, aos quais G1 e RPC tiveram acesso e divulgaram nessa sexta-feira (1º).

O empresário contou aos promotores que Rossoni recebeu cerca de R$ 460 mil. A delação ainda precisa ser homologada pelo STF, porque as denúncias atingem pessoas com foro privilegiado, como o próprio Rossoni, que é deputado federal licenciado.

“Quando ele me via, me chamava no canto e falava ‘E aí, Eduardo, tem coisa boa para mim hoje?’, esfregando as mãos”, disse Souza, no processo de colaboração com o MPF.

Em depoimento, o empresário disse que foi Rossoni quem o apresentou ao então diretor da Sude (Superintendência de Desenvolvimento da Educação), Maurício Fanini, responsável por fiscalizar o andamento das construções da Valor. Souza também destacou que as primeiras licitações vencidas pela construtora foram em 2011, em Bituruna, no sul do Paraná, reduto eleitoral de Rossoni e onde seu filho foi prefeito.

Repasse de 10%

Segundo o delator, os primeiros contatos já teriam estabelecido que 10% de todas as licitações deveriam ser repassados ao então deputado Rossoni. A reportagem acrescenta ainda que quem intermediava a entrega do dinheiro era um assessor de Rossoni e que os pagamentos da propina eram feitos dentro da Assembleia Legislativa, disse o empresário. Eduardo contou que subia até Presidência e entregava o dinheiro, que era contado pelo servidor, quase todas as semanas.

Outro lado

Para a reportagem do Jornal O Paraná, o próprio secretário Valdir Rossoni disse: “Se tiver uma prova contra mim, renuncio meu cargo, não pode prevalecer a palavra do bandido”.