Cotidiano

Rivais fazem exigências para fusão entre AT&T e Time Warner

NOVA YORK – Enquanto a AT&T e a Time Warner buscam aprovação do governo americano para seu meganegócio de US$ 85 bilhões, algumas de suas negociações mais importantes podem ocorrer em conversas privadas com executivos de empresas rivais, e não na capital dos EUA.

A fusão oferece a concorrentes e parceiros uma rara oportunidade de conseguirem acordos mais favoráveis com as duas empresas em troca de seu apoio público, que pode ser valioso para que os órgãos reguladores aprovem o negócio. Enquanto isso, outras provedoras e programadoras de TV paga farão lobby para impedir o acordo ou estabelecerão limites a um império que seria dono de grande parte dos filmes e programas que envia a assinantes de celulares, internet e vídeo.

? A parte que você nunca vê é o que os diversos atores exigem nos bastidores para apoiar o acordo em Washington ? disse Craig Moffett, analista da MoffettNathanson. ? Você terá todos os tipos de empresas de programação, em essência, exigindo seu quinhão. Será distribuído dinheiro para todos.

Os órgãos reguladores transformaram a proteção do mercado de vídeos on-line em prioridade. Eles usaram a supervisão a grandes fusões para conseguir compromissos de grandes provedoras de internet para tratar o conteúdo de forma igualitária em suas redes ? incluindo serviços de vídeo concorrentes.

A AT&T permite que os assinantes de seu serviço de satélite DirecTV assistam a vídeos em dispositivos móveis sem contá-los como uso de dados no celular, prática conhecida no setor como ?zero-rating?.

A operadora planeja lançar um serviço de TV web a US$ 35 ao mês nas próximas semanas que funcionaria de forma similar. Outras empresas de mídia provavelmente exigirão o mesmo tratamento para seus serviços on-line, como o All Access, da CBS.

Muitos proprietários de canais também vão querer acesso aos valiosos dados que a Time Warner obteria dos assinantes da AT&T, disse Brian Wieser, analista da Pivotal Research. As empresas de programação de TV tentaram por anos oferecer o tipo de publicidade direcionada praticado pelo Google e pelo Facebook, mas não possuíam os dados dos espectadores que provedoras de TV paga como a AT&T e a Comcast possuem.

Em grande parte, o acordo está na dependência de a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) ter ou não poder de decisão sobre a fusão. O Departamento de Justiça dos EUA decidirá se o acordo entrega muito poder no mercado à AT&T e reduz a concorrência, mas não está claro se a comissão, cuja função é garantir que as fusões sejam boas para o público, terá jurisdição.

A Time Warner possui licenças de canais abertos que precisaria vender para evitar que a FCC decida sobre o acordo.

? É cedo demais para julgar qualquer coisa ? ressaltou o diretor executivo da CBS, Leslie Moonves, sobre o acordo, durante conferência com analistas, na quinta-feira. ? De certa forma, ficaremos fora da briga por enquanto, até que tenhamos a chance de analisar melhor o caso.