Cotidiano

Reconhecido por familiares, corpo de ativista é encontrado em Porto Velho

RIO ? Após mais de cinco meses de buscas, a Polícia Civil de Rondônia encontrou na última terça-feira um corpo que seria da pescadora e ativista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Nilce de Souza Magalhães, conhecida como Nicinha e assassinada em janeiro. Os restos mortais foram achados no lago da barragem da usina hidrelétrica Jirau, em Porto Velho.

Familiares de Nicinha reconheceram suas vestimentas. Como o corpo está em estado avançado de decomposição, no entanto, um exame de DNA foi solicitado, mas só deve ficar pronto em meados de julho.

Com as mãos e pés amarrados por uma corda e ligados a uma pedra, o corpo estava a 400 metros da antiga moradia da ativista, no distrito de Velha Mutum Paraná, e foi descoberto por trabalhadores da hidrelétrica. Há cerca de dois meses, Edione Pessoa da Silva foi preso após confessar o assassinato. Ele fugiu da Penitenciária Estadual Edvan Mariano Rosendo, localizada em Porto Velho. Além do homicídio, a polícia investiga a ocultação do cadáver.

Segundo o chefe de Comunicação da Polícia Civil do estado, Osmar Casa, não há indícios de que a morte foi encomendada ou tenha relação com conflitos associados à hidrelétrica. Edione teria realizado furtos na comunidade e, como liderança do grupo, Nicinha iria denunciá-lo, o que teria motivado o crime.

? O homicídio foi constatado. O suspeito foi preso e confirmou a morte. Não existe demonstração de que o crime foi encomendado. Não está descartado, mas não há indicativo de que seja isso. Quando à ocultação do corpo, há suspeita de ele que teve ajuda de mais uma ou duas pessoas ? afirmou Casa ao GLOBO.

Filha de seringueiros, a ativista vivia em um acampamento com outras famílias de pescadores. De acordo com o MAB, ela era conhecida na região pela luta em defesa de populações atingidas pela Usina Hidrelétrica de Jirau e por denunciar violações de direitos humanos cometidas pela Energia Sustentável do Brasil, consórcio responsável pela obra.

O movimento ressalta que Nicinha foi diretamente afetada pela construção da hidrelétrica e não foi reassentada. A ativista realizou denúncias nos últimos anos e participou de audiências e manifestações pública sobre os impactos gerados à atividade pesqueira no Rio Madeira. Ainda segundo o MAB, as denúncias resultaram em dois inquéritos civis movidos pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual.