Cotidiano

R$ 7,7 bilhões: Financiamentos ao agronegócio mais que dobraram em cinco anos

Somente em Cafelândia, cada contrato assinado em 2016 ultrapassou R$ 1 milhão

Se a crise avançou menos sobre a economia da região Oeste do Paraná, a explicação é uma só: o agronegócio.

Os bons negócios no campo não tiraram o otimismo dos agricultores que não pararam de investir em suas atividades e os financiamentos à agricultura e pecuária mais que dobraram em cinco anos.

Os valores tomados emprestados com as instituições bancárias cresceram de 2011 a 2016, segundo dados do Banco Central, 132%. Saltaram de R$ 3,317 bilhões para mais de R$ 7,7 bilhões.

A maior parte desses financiamentos, ainda de acordo com o Bacen, diz respeito a contratos ligados à agricultura, condicionados a custeios, a investimentos, a comercializações e à industrialização.

Em 2011, os produtores de 50 municípios do Oeste paranaense tomaram emprestados para atividades ligadas à agricultura, R$ 2,66 bilhões divididos em 41.137 contratos assinados. Em média, cada um correspondia ao empréstimo de R$ 64,7 mil. Em 2016, último levantamento apurado pelo Bacen, foram 39 mil contratos – número 5% menor que em 2011 -, mas que juntos totalizaram o empréstimo de R$ 5,168 bilhões. A média do que foi pego com os bancos em 2016, por contrato, foi de R$ 133 mil.

Quanto à pecuária, em 2011 foram firmados na região 8.210 contratos que juntos somaram R$ 657 milhões liberados (média de R$ 80 mil por contrato). Já em 2016 foram 9.083 contratos com R$ 2,541 bilhões. Cada contrato liberou, em média, 280 mil. Juliet Manfrin

Avicultura desponta em contratos milionários

Entre os municípios do Oeste onde os produtores mais realizaram transações para financiamentos está Palotina. Em 2016, somente os financiamentos para a agricultura (1.453) somaram R$ 1,174 bilhão. Em média, cada contrato chegou a R$ 808 mil.

Outra cidade com valores expressivos é Cafelândia. Foram R$ 672 milhões liberados para apenas 644 contratos. Cada um deles, em média, ultrapassou R$ 1 milhão.

A explicação está na ponta da língua de quem conhece bem a realidade do produtor rural. Segundo o coordenador da Secretaria Municipal de Agricultura, Rogério Scmhidt, a maior parte desses empréstimos está ligada à infraestrutura para aviários na modalidade dark in house e tanques escavados para piscicultura. “No caso dos aviários, o investimento é muito alto porque além de bastante modernos, precisam atender todas as exigências de sanidade”, reconhece ele.

“Aqui, 95% dos produtores rurais são associados à cooperativa, fornecem o frango e o peixe para ela”, segue o coordenador Rogério.

Medianeira também está entre os destaques. Com 826 contratos assinados no ano passado, os agricultores financiaram R$ 637,6 milhões.

Municípios maiores

Um dos aspectos que chamam a atenção é que cidades como Cascavel e Toledo, apesar de terem algumas das maiores áreas agricultáveis da região, não são os municípios que mais têm financiamentos. Em Cascavel, por exemplo, no ano passado foram 2,5 mil contratos que juntos somaram R$ 488 milhões liberados. Toledo registrou 2.624 contratos e R$ 218 milhões contratados. Para a economista Regina Martins, a explicação pode estar na autossuficiência de muitos produtores nesses municípios. “Além do que, temos visto uma expansão cada vez maior na estrutura ligada à avicultura. Em Palotina, Cafelândia e Medianeira, por exemplo, existem grandes cooperativas que estão integrando muitos produtores e eles precisam investir, se equipar, construir estruturas. O crédito agrícola é um excelente canal para isso, além, é claro de os juros serem muito atrativos, importante para um setor que é referência na economia da região”, afirma Regina. (JM)