Cotidiano

Quem será o escolhido de Trump para ocupar a Suprema Corte?

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WASHINGTON ? O presidente americano, Donald Trump, anunciará nesta terça-feira seu indicado para ocupar uma vaga na Suprema Corte, aberta desde a morte de Antonin Scalia, em fevereiro de 2016 . A questão é uma das mais polêmicas para o governo do republicano, pois a sucessão de Scalia, que ocupou o cargo por 30 anos e era notoriamente conservador, já se tornou a mais demorada na História do país. Trump

Atualmente, a instância máxima da Justiça americana conta com quatro membros indicados por um presidente democrata e quatro indicados por um republicano. Ou seja, o sucessor de Scalia daria a maioria para a ala progressista ou conservadora do tribunal. Sabendo disso, o então presidente Barack Obama indicou Merrick Garland, que teve sua nomeação bloqueada pelo Senado, de maioria republicana. O processo todo demorou 293 dias. A justificativa do Senado era de que não cabia a Obama, que já havia colocado duas pessoas no cargo, nomear uma terceira em seu último ano de mandato.

Agora, a responsabilidade é de Donald Trump, que deverá ver seu escolhido assumir o cargo. O republicano disse que decidirá baseado em uma lista de 21 nomes, divulgada durante sua campanha. Entre eles, um senador, oito juízes federais e nove membros de Supremas Cortes estaduais. Porém, três nomes figuram entre os mais cotados.

William Pryor

Pryor, de 54 anos, é juiz na 11ª Seção da Corte de Apelação dos EUA, no estado do Alabama, e um protegido do senador Jeff Sessions, que Trump escolheu para assumir o cargo de procurador-geral. Com declarações polêmicas sobre os direitos da comunidade LGBT e defesa da pena de morte, o ex-procurador-geral do Alabama é um dos candidatos mais divisivos, com forte oposição da ala progressista do Senado. Ele também conta com resistência de certos grupos republicanos, que criticam sua decisão de aceitar o direito de uma mulher transgênero de entrar na Justiça contra sua demissão.

Na sua posição de magistrado desde 2004, o ex-aluno da Universidade de Tulane tem sido consistente em seus julgamentos que desfavorecem a defesa de pessoas que cometeram crimes. Um caso emblemático foi quando Pryor aprovou a decisão tomada por um Agente de Fronteira de parar uma van com passageiros hispânicos, pois o veículo estaria sendo ?conduzido erraticamente e os suspeitos pareciam nervosos?.

Pryor é abertamente conservador, e já declarou que a decisão histórica do caso Roe contra Wade, que legalizou o aborto, foi a ?maior abominação na História do direito constitucional?. Católico de criação, ele já disse que o caso, de 1973, o motivou a se tornar um republicano e entrar na advocacia.

Neil Gorsuch

Juiz da 10ª Seção da Corte de Apelação dos EUA, localizada no Colorado, e filho de ex-funcionários públicos de alto escalão, Gorsuch é visto como uma escolha ?segura? para Trump. Apesar de não ser de fora da elite política americana, uma das plataformas da campanha de Trump, o ex-aluno de Harvard e Columbia tem boa reputação entre os republicanos e sua nomeação não geraria grandes polêmicas dentro do partido.

Ex-assistente do membro da Suprema Corte, Anthony Kennedy, Gorsuch poderia se tornar a primeira pessoa a ocupar um cargo na instância máxima da Justiça americana com um colega para quem já trabalhou antes. O natural de Denver, Colorado, ficou conhecido como um escritor elegante no âmbito jurídico, onde defende questões como liberdade religiosa e se mostra cético das intervenções governamentais.

Ele defendeu dois grupos que fizeram objeções religiosas aos requerimentos do governo Obama para que todos os empregadores dessem seguro de saúde, com inclusão de contraceptivos, aos seus funcionários. Gursich trabalhou por dois anos no Departamento de Justiça durante o governo de Bush, e é filho da ex-diretora da Agência Nacional para Proteção Ambiental, Anne Gorsuch.

Thomas Hardiman

Hardiman é a primeira pessoa de sua família a fazer o ensino superior, que cursou na Universidade de Notre Dame, e financiou seu diploma trabalhando como taxista. A origem na classe trabalhadora faz o juiz da 3ª Seção da Corte de Apelação dos EUA, na Pensilvânia, se tornar uma opção desejável para o governo Trump. Grupos conservadores elogiam o trabalho de Hardiman em questões sobre direitos ao armamento.

O natural de Massachusetts foi aprovado em seu cargo numa votação de 95-0 no Senado. Entre suas decisões mais notórias, estão de apoiar prisões que buscavam permissão para conduzir revistas completas em pessoas que cometessem algum tipo de crime e coletar evidências genéticas de suspeitos após a sua prisão.

Hardiman também é conhecido por sua defesa do direito ao armamento e por rejeitar apelações em um caso envolvendo o pagamento de um acordo de US$ 1 bilhão a ex-jogadores de futebol americano da liga NFL. Os atletas argumentavam ter tido problemas emocionais causados pela prática do esporte.