Agronegócio

Quebra na safra e cautela deixam comércio às moscas

Foto: arquivo
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Cascavel – Dados divulgados esta semana pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) referente ao crescimento da inadimplência das empresas no início deste ano no cenário nacional, em 5,91% se comparado a igual período de 2018, pode estar diretamente associada ao aumento da inadimplência do consumidor e da recuperação econômica que ainda não chegou como era esperada.

Não há dados regionais já compilados quanto ao avanço da inadimplência do consumidor e dos empresários, mas o comércio segue em alerta máximo.

Segundo o presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comercio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan, como uma condição típica de início de ano, os maus pagadores que foram mais afoitos no Natal e seguiram às compras, estão voltando para a lista dos negativados. “Consequentemente, para quem oferece crediário próprio isso influencia na condição financeira do lojista, deixando-o também em más condições. Muitos podem ficar inadimplentes também”, destacou.

Outro problema, diz Furlan, é que não se confirmou a reação da economia esperada para este início de ano. “O comércio esperava uma reação positiva, uma melhora nas vendas neste início de ano pela condição política, mas isso não aconteceu como o esperado. Na região [o reflexo] também é da quebra da safra de soja que tem afastado as pessoas do comércio. Agora é esperar que as próximas safras sejam melhores para que tenhamos uma recuperação gradativa”, reforçou.

Ritmo lento

Segundo o presidente do Sindilojas, Leopoldo Furlan, em outra frente, na venda de materiais pesados como ferro e aço para a construção civil, o que se nota é que aos poucos essas negociações estão sendo retomadas, mas ainda de forma tímida e pontual. “Talvez em alguns meses vejamos grandes obras sendo iniciadas ou retomadas. Não podemos dizer que se está com o pé no freio, mas o ritmo é mais lento”.

Liquidação

No comércio, o foco agora é liquidar a coleção de verão que ainda está nas araras para que o lojista consiga levantar dinheiro para pagar a coleção outono/inverno.

Para Furlan, as liquidações tradicionais de janeiro foram estendidas em praticamente todo o comércio até as vésperas de março e devem adentrar o próximo mês. “As peças podem sair da moda, os produtos como eletrônicos podem ser substituídos, então o lojista precisa acelerar a venda para não ficar com algo parado, gerando custo e sem dinheiro para renovar as coleções”, considerou.

Dia das Mães

Os comerciantes já se preparam para as vendas do Dia das Mães, em maio. A data que chegou a ser o “segundo Natal” do comércio, caiu para terceiro lugar, atrás do Black Friday.

Segundo Furlan, ainda não há como medir a expectativa de vendas para o dia comemorado no segundo domingo de maio, mas o clima é de atenção. “As pessoas ainda estão pagando IPVA, material escolar, pagando as férias, as compras de fim de ano e as contas típicas de início de ano, mas a expectativa é sempre pela melhora”, reforça, ao lembrar que em uma região movida pela agricultura e pecuária, outro ponto que causa ampla preocupação é o risco de não prorrogação das dívidas dos agricultores que tiveram perdas expressivas no cultivo de verão e que podem ficar negativados nos próximos meses.

Reportagem: Juliet Manfrin