Cotidiano

Presídio de rebelião no RN teve mais de 200 fugas em 18 anos

NATAL ? Inaugurada em 26 de março de 1998, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, registrou mais de 200 fugas ao longo dos 18 anos de história. A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2.

A rotina de trabalho da penitenciária ajuda a explicar as fugas registradas. Apenas sete agentes atuam em turnos de 24 horas para custodiar todos os presos ? em torno de 1.140. Quatro das dez guaritas de vigilância estão desativadas por falta de efetivo. As restantes são operadas pela Polícia Militar.

Relatos de agentes de segurança que atuam na unidade relatam que problema é histórico. De acordo com um deles, que pediu para não ser identificado, o número de agentes penitenciários tem diminuído ao longo dos anos.

? Já chegou a ter 21 agentes por turno, para custodiar 500, 600 presos, isso a quatro, cinco anos atrás. Hoje são 7 para cuidar praticamente do dobro (de presos) ? disse.

Os motivos para redução do número de agentes são diversos, segundo ele:

? Alguns passam em outros concursos, outros pedem dispensa, tem aqueles que vão trabalhar em outro estado. Nosso último concurso foi em 2009, já há uma defasagem grande.

Em sua concepção inicial, Alcaçuz teria o piso reforçado, o que impediria a construção de túneis. O projeto original, porém, foi abandonado, e o que seria uma carceragem de segurança máxima apresentou falhas em pouco tempo de uso. O projeto arquitetônico da penitenciária indicava paredes e solo com 15 centímetros de espessura, reforçados por concreto armado com ferro, além de vigilância eletrônica ininterrupta.

Nos quatro pavilhões principais da penitenciária, onde estão divididos 1.050 homens atualmente, existem estruturas de túneis subterrâneos. Somente no Pavilhão 4, entre janeiro e dezembro de 2010, por exemplo, vinte e cinco presos fugiram utilizando a mesma estrutura de túneis. A atitude de mais de uma dezena de diretores que passaram por Alcaçuz em 18 anos de fundação foi basicamente a mesma: fechar a entrada principal e se preparar para a próxima tentativa de fuga. A Secretaria de Justiça e Cidadania assegurou não dispor de recursos para fechar as estruturas corretamente.