Cotidiano

Polícia Federal prende ex-deputado Rodrigo Rocha Loures em Brasília

 

A Polícia Federal informou ter prendido na manhã deste sábado (3) o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer. O mandado de prisão foi assinado na noite de sexta-feira (2) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).

Rocha Loures foi preso preventivamente (antes do julgamento) em Brasília e foi levado para a Superintendência da PF no Distrito Federal. Em março, ele flagrado pela PF recebendo em São Paulo uma mala com R$ 500 mil que, segundo delações de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato, seriam dinheiro de propina.

Em manifestação enviada ao STF na sexta, o advogado do peemedebista, Cezar Bitencourt, avaliou que o pedido de prisão tinha como objetivo “forçar delação”. O advogado disse que o ex-assessor de Temer “ficará em silêncio”.

Ao contestar o novo pedido de prisão, a defesa afirmava que Rocha Loures não poderia interferir mais nas investigações, já que as buscas e apreensões da Operação Patmos foram realizadas e porque, após deixar o mandato, já não tinha poder político para prejudicar a produção de provas.

Rocha Loures deixou o mandato de deputado e virou suplente após a decisão de Osmar Serraglio de retornar à Câmara após sua exoneração do Ministério da Justiça.

Decisão

Na decisão que autorizou a prisão, Fachin disse que só não havia determinado a medida anteriormente por conta do mandato parlamentar à época exercido por Rocha Loures. Ele disse, porém, que já considerava a prisão "imprescindível" para interromper o cometimento de crimes.

No despacho, ele considerou "gravíssima" a conduta do ex-assessor de Temer: "O agente aqui envolvido teria encontrado lassidão em seus freios inibitórios e prosseguiriam aprofundando métodos nefastos de autofinanciamento em troca de algo que não lhe pertence, que é o patrimônio público” (Edson Fachin, no despacho de prisão)

O ministro descartou a aplicação de medidas alternativas à prisão, como uso de tornozeleira eletrônica, lamentando a necessidade da detenção.

"Tratando-se o deputado federal Rodrigo Santos da Rocha Loures de político com influência no cenário nacional, até pouco tempo assessor do Presidente Michel Temer, pessoa de sua mais estrita confiança, como declarado em áudio captado por Joesley, revelam-se insuficientes para a neutralização de suas ações, medidas diversas da prisão. Não se deixa, sem embargo, de lamentar que se chegue a esse ponto", disse.

O ministro questionou o argumento da defesa de que a prisão foi pedida para forçar uma delação, argumentando que não há provas dessa finalidade. Ele determinou que a prisão fosse realizada com "a máxima discrição e com a menor ostensividade" para evitar qualquer exposição indevida.