Cotidiano

Parlamento declara 'ruptura da ordem constitucional' na Venezuela

2016 946975122-201610231714474687_AFP.jpg_20161023.jpgCARACAS ? Em sessão especial neste domingo, o Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição, declarou que o país se encontra em “ruptura da ordem constitucional”, devido à suspensão do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, motivo pelo qual empreenderá ações internacionais e de pressão popular, informa a resolução votada em plenário.

Grupos de seguidores do governo venezuelano invadiram o Parlamento e interromperam o debate sobre a suspensão do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, enquanto agentes de segurança tentavam contê-los.

? Grupos violentos estranhos à Câmara têm de ser retirados, que deixem o plenário ? disse o presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, da tribuna.

Deputados governistas ajudaram a conter os simpatizantes de Maduro, que, com bandeiras venezuelanas e gritando palavras de ordem, conseguiram entrar à força na parte baixa do plenário e nos jardins da sede parlamentar, situada na zona histórica de Caracas.

Ramos Allup suspendeu a sessão imediatamente e convocou o líder da bancada do governo, Héctor Rodríguez, para uma reunião sobre essa situação irregular.

Desde antes da abertura dos trabalhos, grupos de chavistas cercavam o prédio por conta da sessão especial convocada pela oposição para avaliar ações para “restituir a ordem constitucional e democrática”, segundo a agenda.

No início do debate, Ramos Allup afirmou que a sessão poderia até discutir a abertura de um “julgamento político” contra Maduro. Após várias intervenções, o tema ainda não havia sido abordado.

Os deputados mencionaram um “abandono do cargo” por parte de Maduro, que está no Oriente Médio, assim como o delicado tema da suposta dupla nacionalidade – venezuelana e colombiana – do presidente. Essa condição poderia torná-lo inabilitado para exercer o cargo.

A suspensão do referendo aumentou ainda mais a tensão política no país, que também enfrenta uma profunda crise econômica, com severa escassez de alimentos e de remédios.

A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou a sessão parlamentar de hoje, depois que o Conselho Nacional Eleitoral adiou por tempo indeterminado a coleta de quatro milhões de assinaturas – mínimo exigido neste último passo antes do referendo.