Cotidiano

Paraná tem um dos valores mais altos de GLP do País

Botijão de 13 quilos pode ser encontrado por até R$ 79,90

Foz – O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é ferramenta quase que insubstituível no dia a dia. Conhecido popularmente como gás de cozinha, ele é um grande aliado de quem trabalha no setor alimentício e das donas de casa. O produto, no entanto, vem sofrendo alterações no preço, todas elas contrariando a vontade do consumidor. 

O último reajuste foi divulgado pela Petrobrás há menos de duas semanas, entre 1% a 4% nos municípios paranaenses. Os preços praticados no Paraná estão na lista dos mais altos do País, chegando a R$ 79,90 o botijão de 13 quilos. O Estado só perde para Mato Grosso, que vende o produto por até 90, e Mato Grosso do Sul (R$ 85). O mais barato é encontrado na Bahia e São Paulo, por R$ 35, conforme pesquisa mensal da ANP (Associação Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

A justificativa para tanta diferença do Paraná com relação a outros estados brasileiros está em pelo menos três fatores. Conforme o presidente do Sinregás/PR (Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado do Paraná), Heissan Abdala, o primeiro deles é a definição do dissídio coletivo, que determina o reajuste salarial da categoria, além dos custos logísticos e de armazenagem e a tributação. Ou seja, quando os custos aumentam ao distribuidor e às revendas, o consumidor passa a pagar mais pelo produto. 

O Paraná tem ainda uma característica individual, que incentiva o aumento dos preços. É a alíquota do ICMS de 18% no caso do GLP. “Tudo isso interfere no valor cobrado pelo produto”, diz Abdala, que não descarta a possibilidade de mais um reajuste até dezembro. 

Valores médios

O preço médio do botijão de 13 quilos no Paraná é de R$ 58,82, conforme a ANP. O mais barato é encontrado na RMC de Curitiba (R$ 45) e o mais caro em Pato Branco (R$ 79,90). Desde janeiro, houve uma variação de 3% ao consumidor, que pagava R$ 57,23 no início do ano. 

No Oeste, o preço médio do botijão é de R$ 63,96. O produto com o valor mais baixo é encontrado em Foz do Iguaçu, a R$ 50. O mais caro em Cascavel, a R$ 73.

Segundo a ANP, a vigência do regime de liberdade de preços nos segmentos do mercado de combustíveis e derivados de petróleo (produção, distribuição e revenda) não obriga nenhum tabelamento ou fixação de valores máximos e mínimos nem autorizações prévias para reajustes. Isso significa que dependendo da margem com que o revendedor trabalha, ocorre a variação. 

“Revendedores trabalham no limite”

Embora o preço do GLP pese no bolso do consumidor, o presidente do Sinregás/PR alerta para outro problema: o abandono da atividade. Segundo Abdala, não há chances de as revendas reverterem os valores já aplicados. “Os revendedores trabalham no limite, no sufoco. Muitos não conseguem honrar com seus compromissos. Com a crise, houve queda no consumo, e isso chegou também ao setor. Há um sério risco de [os revendedores] deixarem a atividade, pois não conseguem mais sobreviver”, lamenta. 

A clandestinidade deste mercado também tem atrapalhado o desempenho de quem trabalha de forma legal e paga impostos. Na base de dados da ANP estão cadastradas 3.800 revendas, mas segundo Abdala, o desemprego aumentou significativamente o trabalho informal. Por ser um movimento recente, não há ainda um levantamento sobre o número de revendedores ilegais, conforme o sindicato. 

Refeição fora de casa

A crise econômica e o desemprego provocaram várias mudanças de hábitos entre os brasileiros, inclusive as refeições que passaram a ser feitas em casa e não mais em restaurantes. Vendo o preço do GLP subir, junto com o feijão, arroz, os mais variados tipos de legumes e verduras, carne, e uma lista extensa de produtos, os empresários foram obrigados a aumentar o valor nas balanças dos estabelecimentos comerciais, o que prejudicou ainda mais o setor, que teve seu consumo reduzido. Pesquisa da Assert (Associação das Empresas de Refeição, Alimentação e Convênio para o Trabalhador) mostrou que o preço médio de uma refeição no Brasil é de 30,48. O tradicional PF, o prato feito, custa em média R$ 27,03 e tem o maior preço registrado na região Sul do País, a R$ 31,74. Em Curitiba, é vendido a um valor de R$ 29,88, superando a média nacional. É mais caro até que em São Paulo (R$ 27,84) e Belo Horizonte (R$ 23,34).