Curitiba – O Paraná foi o estado brasileiro com o maior percentual de famílias endividadas ano passado. De janeiro a dezembro. É o que mostra a Radiografia do Endividamento e Consumo, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná, com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Segundo a pesquisa, 87,9% das famílias possuíam algum tipo de dívida ao longo do ano passado. Esse índice ficou bem acima da média nacional, de 60,7%.
O Paraná ocupou o topo do ranking nacional durante todos os meses de 2017, à frente de Roraima e Santa Catarina. O maior índice de endividamento registrado pelo Paraná ocorreu em dezembro, quando chegou a 90,6%, inclusive, o maior índice dos últimos quatro anos no período.
Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, chegou a 94% no último mês do ano. Já nas famílias de menor renda, a taxa de endividados ficou em 89,9%.
A coordenadora de pesquisas da Fecomério-PR, Priscila Andrade, cita que o importante de tudo isso, é saber realmente os fatores que levam o Paraná a possuir essa porcentagem. Segundo ela, esse cenário está atrelado basicamente à movimentação econômica em grandes regiões produtoras, como é o caso da região oeste.
Priscila detalha que o endividamento corresponde a qualquer dívida contraída por intermédio de parcelamento e compras com cartão de crédito. “É bom deixar bem claro que a maioria desses endividamentos é honrada pelo consumidor paranaense”, destaca. “O problema maior seria se tivéssemos contas em atraso com elevado nível de inadimplência, o que não ocorre no Estado”.
Priscila Andrade cita ainda que municípios da região oeste com Cascavel, Toledo e Marechal Cândido Rondon, por exemplo, são cidades que apresentam picos de alta e queda em relação ao endividamento, por conta do número expressivo de empregos gerados.
No País
Tendo 27,3% de endividados com contas em atraso de todo o País, o Paraná se caracteriza por um alto endividamento, mas um percentual de atraso relativamente baixo. Quanto à falta de condições pagamento das dívidas, a média de 2017 foi de 10,4%.
Conforme o Departamento de Pesquisas da Fecomércio-PR, cabe destacar que o endividamento não deve ser considerado, a princípio, como um fato negativo. A existência de dívidas indica capacidade de compra e a possibilidade de parcelamento, que só é aceito enquanto o consumidor está adimplente e paga suas contas em dia.
Cartão de crédito é o vilão
Os principais motivos de endividamento dos paranaenses em 2017 foram o cartão de crédito, que correspondia a 70,4% nas contas em aberto; o financiamento de veículo e o financiamento imobiliário, com 9,7% cada, respectivamente.
A maioria dos consumidores (45%) considerava ter um nível moderado de dívidas, mas outra parcela considerável, 27,5%, reconhecia estar muito endividada. O tempo de comprometimento com dívidas ficou bastante distinto: enquanto 44,8% dos endividados estavam com o orçamento comprometido por apenas três meses, 44,1% comprometeram sua renda por mais de um ano.
A média de endividamento foi maior entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, cuja média anual ficou em 90,8%, ante 87,3% entre as famílias com renda inferior.
