Cotidiano

ONU: Investir nas meninas pode gerar bilhões de dólares para as economias do países

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LONDRES – Se os países dessem um fim ao casamento forçado, à exploração infantil no trabalho, à mutilação genital feminina e a outras práticas que atacam a saúde e os direitos das meninas, suas economias poderiam estar muito mais ricas, afirmou uma agência das Nações Unidas nesta quinta-feira.

Ao redor do mundo, 16 milhões de garotas entre as idades de 6 e 11 anos nunca foram à escola, muitas porque foram forçadas a se casar ou a trabalhar para ajudar a família financeiramente, apontou um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês). Por isso, a estimativa é que as nações em desenvolvimento poderiam gerar US$ 21 bilhões por ano se todas as meninas com até 10 anos de idade completassem o ensino médio, ecoando estudos que mostram uma correlação entre o letramento das garotas e uma renda maior ao longo da vida.

? A educação é o melhor investimento do mundo. A cada potencial de uma garota desperdiçado, todos perdemos ? afirmou por telefone à Fundação Thomson Reuters o diretor executivo do UNFPA, Babatunde Osotimehin.

O relatório foi publicado um ano depois que líderes mundiais adotaram um ambicioso conjunto de metas para acabar com a pobreza e desigualdade até 2030. Um dos pontos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é promover a igualdade de gênero e o emponderamento de meninas e mulheres.

? A forma como nós apoiamos as garotas hoje determina como o nosso mundo será no futuro. Os ODS dão aos líderes mundiais uma real oportunidade de colocar as coisas nos trilhos ? adicionou Osotimehin, atribuindo a desigualdade de gênero ao fraco conhecimento dos governos dos direitos humanos das meninas e uma falta de responsabilidade.

O relatório do UNFPA aponta que as garotas têm uma probabilidade menor que os garotos de completarem a educação formal nos ensinos médio e superior. A tendência também é maior que elas tenham uma saúde mais frágil e maiores dificuldades em encontrar trabalhos remunerados. A cada dia, estima-se que 47,7 mil meninas com menos de 18 anos se casem e que três quartos das trabalhadoras infantis não sejam pagas.

O documento recomenda a ampliação dos programas de transferência de renda para famílias pobres como forma de estimular que suas filhas permaneçam por mais tempo na escola, se tornando um complemento para os custos da educação. Além disso, o relatório aconselha, entre outros pontos, a educação sexual perto da puberdade.