Cotidiano

Novo reajuste dos combustíveis assusta e gera corrida aos postos

Registros feitos pela reportagem do O Paraná, ontem (10), mostram que o reajuste foi repassado de forma antecipada em alguns postos de Cascavel

Novo reajuste dos combustíveis assusta e gera corrida aos postos

Cascavel – Depois de 57 dias desde o último aumento, em 13 de janeiro, a Petrobras anunciou ontem (10) um novo reajuste no preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras. A partir de desta sexta-feira (11) o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passa de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, aumento de 18,77%. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passa de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,54 por litro.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.

Em nota, a estatal informou que “após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário promover ajustes nos preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.

Além destes fatores, a Petrobras também atribuiu o aumento nos preços em razão da guerra entre Rússia, terceiro maior produtor de petróleo do mundo, e a Ucrânia. “Adicionalmente, a redução na oferta global de produto, ocasionada pela restrição de acesso a derivados da Rússia, regularmente exportados para países do ocidente, faz com que seja necessária uma condição de equilíbrio econômico para que os agentes importadores tomem ação imediata, e obtenham sucesso na importação de produtos de forma a complementar o suprimento de combustíveis para o Brasil”, justificou a estatal.

 

SITUAÇÃO EM CASCAVEL

A reportagem do O Paraná conversou mais uma vez com Roberto Pellizzetti, empresário do setor de combustíveis e diretor da Paranapetro/Cascavel, entidade que representa a revenda de combustíveis no Paraná. Ele explicou que havia uma defasagem de quase R$ 2 no preço do diesel, e R$ 1,40 na gasolina. “É uma situação atípica, com esse aumento de R$ 0,90 no diesel e R$ 0,60 na gasolina. Não tem como não repassarmos. Apesar disso, foi repassado somente metade do reajuste em relação à defasagem”, analisa.

O diretor da Paranapetro discorda da maneira como a Petrobras repassou o reajuste que, segundo ele, deveria ser gradual. “Se tivesse aumentando 10 centavos a cada quinzena, as pessoas estariam mais preparadas. É uma situação bastante crítica e mesmo quem não tem carro vai sentir os reflexos deste aumento”, alerta.

Na prática, o preço do litro da gasolina nos postos de Cascavel, que estava sendo comercializado na faixa de R$ 6,68, deve ser encontrado na casa dos R$ 7,28, ou mais. Já o litro do diesel, que estava custando em média R$ 5,68, subiu para a faixa dos R$ 6,78. Pellizzetti chamou atenção para o preço do etanol, usado na fabricação da gasolina, que deverá subir de R$ 4,80 para R$ 5,30, na próxima semana. “Creio que 70% da frota brasileira é composta por veículos flex. Com estes reajustes fico pensando: quem vai conseguir continuar abastecendo?”, questiona.

Apesar de o aumento passar a valer a partir de hoje (11), ontem foram registradas filas nos postos de combustíveis de Cascavel. E, de forma irregular, alguns estabelecimentos já tinham repassado o reajuste, sendo registrados valores de até R$ 7,49 o litro da gasolina.

 

BOTIJÃO DE GÁS

Para o GLP (gás liquefeito de petróleo), de acordo com a empresa, o último ajuste de preços vigorou a partir de 9 de outubro do ano passado. A partir desta sexta-feira (11), o preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras, passa de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13 kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg.

A companhia afirmou que “esse movimento da Petrobras está no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”.

 

 

Foto: Paulo Eduardo

 

 

Procon-PR vai notificar quem antecipou reajuste

 

O Procon Paraná vai identificar e notificar os postos e distribuidoras de combustíveis que já aumentaram o preço do diesel e da gasolina, antes mesmo que o ajuste anunciado ontem (10) pela Petrobras chegasse às bombas. A chefe do Procon-PR, Claudia Silvano, explicou que o novo valor não deveria impactar os consumidores já neste primeiro momento, pois o aumento vale para as distribuidoras e entra em vigor a partir da sexta-feira (11). A previsão era que o preço mais alto chegasse às bombas na segunda-feira (14).

“Estamos orientando os consumidores a usarem os canais oficiais para denunciar o preço abusivo nos combustíveis e também a pesquisarem no aplicativo Menor Preço, do Nota Paraná, quais postos estão com os valores mais baratos”, explicou. “Caso for constatado que houve abuso nos preços, as empresas estão sujeitas a multas que variam de R$ 700 a R$ 11 milhões”.

Já o chefe do Procon em Cascavel, Pedro Martendal, disse que o órgão já havia recebido dezenas de denúncias. Segundo ele, o Procon vai notificar todos os postos de combustíveis da cidade para que apresentem as notas fiscais das compras e vendas do mês de março, para identificar quais agiram de “má-fé”.

Além disso, segundo Martendal, aqueles que compravam combustível já com o reajuste na quinta-feira (10), devem comparecer ao Procon com o cupom de compra para que as devidas providências sejam tomadas.