Cotidiano

Nos EUA, mulheres se apressam para colocar DIU antes da posse de Trump

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NOVA YORK ? Ainda faltam dois meses para que Donald Trump tome posse como presidente dos EUA, mas, desde que sua eleição foi confirmada, mulheres de várias partes do país começaram uma corrida para implantar o dispositivo intrauterino (DIU). Isso porque elas têm um crescente temor de que Trump limite o controle de natalidade e o acesso a métodos contraceptivos. A preocupação é uma reação à campanha do milionário, que chegou a sugerir quem mulheres que fizessem abortos “deveriam ser punidas”.

O DIU é um método de contracepção com mais de 99% de eficácia e consiste na introdução do dispositivo no canal vaginal. Isso pode ser feito num consultório, sem a necessidade de internação. Ele não oferece risco de trombose ? como ocorre com as pílulas ? e dura, em geral, de 5 a 10 anos.

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Boa parte da preocupação em relação às futuras ações de Trump nessa área se devem ao fato de ele ter votado contra o Ato de Saúde Acessível, mais conhecido como Obamacare, que disponibiliza anticoncepcionais. Muitas mulheres postaram no Twitter mensagens dizendo que pensavam em colocar o DIU (IUD, em inglês) no futuro, mas, com Trump eleito, resolveram colocá-lo antes que o ano termine. Outras agradeceram por já terem feito o implante, que vai durar mais do que o mandato do novo presidente.

Enquanto isso, organizações que trabalham na prestação de cuidados de saúde e acesso à contracepção estão cobrando do novo governo uma garantia de que as mulheres ainda poderão obter esses serviços. Segundo Raegan McDonald-Mosley, diretor médico da Associação de Planejamento Familiar da América, muitas mulheres estão entrando em contato para saber como podem se prevenir

? Desde as eleições, vimos um aumento nas questões sobre acesso aos cuidados de saúde, controle de natalidade e o Obamacare ? afirma ele. ? Embora realmente esperemos que os métodos anticoncepcionais estejam disponíveis e acessíveis a todas as mulheres sob o governo Trump, entendemos as reais preocupações das pessoas sobre a perda de acesso ao controle da natalidade, que é uma assistência médica básica.

De acordo com ele, houve grande aumento no uso do DIU nos últimos anos, nos EUA, devido a políticas de saúde implementadas por Barack Obama.

? O que ocorreu foi uma crescente conscientização pública sobre sua segurança e eficácia (do DIU) e esperamos que essa tendência continue. Registramos que o número total de mulheres usando DIU aumentou 91% nos últimos cinco anos ? diz ele.

As opiniões de Trump sobre questões como a contracepção têm variado. Mas, enquanto fazia campanha nas primárias republicanas, ele sugeriu que as mulheres “deveriam ser punidas” se tivessem abortos. Lembrando que o aborto é legalizado nos EUA.

Mais tarde, ele se retraiu e disse que achava que os abortos deveriam estar disponíveis em casos de estupro, incesto ou quando a saúde da mulher estava em perigo. Em um esforço para conquistar os evangélicos, ele procurou se posicionar como conservador sobre tais questões.

Mas o vice da chapa de Trump, Mike Pence, é considerado um dos maiores adversários dos direitos de aborto. Em março, ele assinou um projeto de lei para obrigar as mulheres a custear serviços funerários para um feto, se elas passassem por um aborto. O projeto foi, posteriormente, indeferido por um juiz federal.

Questionado sobre o assunto pelo jornal britânico “The Independent”, Mike Pence tentou se esquivar das perguntas, mas, por fim, disse apenas: “Eu sou pró-vida.”