Cotidiano

Nobel da Paz ajuda acordo com as Farc e combate à cocaína, diz Santos

OSLO – O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou nesta sexta-feira, em Oslo ? onde se encontra para receber o Prêmio Nobel da Paz ? que a distinção concedida a ele é um grande incentivo para obter um novo acordo com a guerrilha das Farc e iniciar um período de avanços no país. Ele veio com vítimas do conflito, mas não com representantes da guerrilha, tema que provocou questionamentos nas últimas semanas.

? Este prêmio foi como um presente dos céus e é um enorme incentivo para conseguirmos esse novo compromisso depois que o primeiro foi recusado em um referendo. O Nobel significou ainda um “mandato” da comunidade internacional para chegar a um acordo ? disse Santos, em inglês,em coletiva de imprensa no Instituto Nobel de Oslo.

Santos recebe neste sábado o Nobel da Paz pelos esforços de pacificação de seu país, mergulhado em um conflito armado de mais de 50 anos e que causou 260.000 mortos. O anúncio do Nobel da paz 2016 a Santos foi feito no dia 8 de outubro, apesar da inesperada rejeição, cinco dias antes em um plebiscito, a um acordo fechado em 26 de setembro em Cartagena entre o governo e a guerrilha das Farc.

Dentro e fora da Colômbia, o prêmio foi visto como um aval ao processo de paz, apesar do revés eleitoral.

? Os cidadãos colombianos interpretaram o prêmio como se fosse um mandato da comunidade internacional para perseverar (…) e obter um acordo de paz. Para eles, ajudou muito. Me encorajou, encorajou os nossos negociadores, mas particularmente incentivou os colombianos a buscar um novo acordo.

A partir de então, a guerrilha e o governo decidiram manter um cessar-fogo bilateral e fazer ajustes ao acordo recusado, a partir de centenas de propostas dos setores que votaram contra.

? Pessoalmente, não pude viver um só dia de paz, e por isso o fato de que possamos viver em paz, viver uma vida normal, e não ter medo de ir a algumas regiões, vai mudar tudo ? disse. ? Existe um dividendo muito alto em termos da guerra às drogas e do meio ambiente.

A ausência das Farc, não premiadas nem presentes na numerosa comitiva de Santos, gerou questionamentos.

? Não queria expor o governo norueguês a problemas porque as Farc seguem estando nas listas de terroristas, e seus líderes não estão totalmente livres para ir a todos os lugares. Pensamos que não seria apropriado trazer as Farc à cerimônia. Convidei um de seus chefes negociadores (…) Estarão aqui de coração e de espírito.