Cotidiano

Na Geórgia, Papa Francisco faz críticas veladas à Rússia

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TBILISI ? Em declaração nesta sexta-feira, logo após desembarcar em Tblisi, capital da Geórgia, o Papa Francisco fez críticas veladas à Rússia, que mantém tropas militares em duas regiões separatistas no ex-país soviético. Com tom cuidadoso para evitar rusgas na recente aproximação do Vaticano com a Igreja Ortodoxa Russa, o Pontífice afirmou que a relação entre os países ?nunca podem deixar de lado o respeito aos direitos soberanos de cada país, no âmbito do direito internacional?.

A Geórgia conquistou a independência em 1991, mas a sombra do Kremlim continua existindo. Em 2008, os dois países travaram uma breve guerra após conflitos na Ossétia do Sul, região separatista no norte do país, que é reconhecida pela Rússia como nação independente. O mesmo acontece com a Abecácia.

De acordo com estimativas do governo da Geórgia, 300 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por causa de conflitos nos territórios em disputas. Durante recepção no palácio presidencial, Francisco comentou a situação. Apesar de não citar nominalmente a Ossétia do Sul e a Abecácia, apoio o direito dos desalojados a ?retornarem livremente para suas terras?.

? Mas essa missão não pode ser cumprida face as violações dos direitos dos cidadãos e do território sendo ocupado por um país vizinho ? disse ao Papa o presidente da Geórgia, Georgy Margvelashvili.

A Geórgia, que aspira a entrada na União Europeia e na Otan, acusa a Rússia de praticar uma ocupação silenciosa, movendo lentamente as fronteiras das áreas separatistas do resto do território do país.

Menos de um por cento dos 3,7 milhões de habitantes de Geórgia são católicos, sendo a grande maioria Cristãos Ortodoxos, que romperam com Roma em 1054. O Vaticano vem concentrando esforços na reaproximação. Neste ano, Francisco teve um encontro histórico com Kirill, líder da Igreja Ortodoxa Russa.

A Igreja Ortodoxa da Geórgia é uma das mais conservadoras e alguns membros mantém a rixa com a Igreja Católica. No desembarque de Francisco, alguns fieis foram ao aeroporto protestar. Porém, mais tarde, não havia sinais de tensão entre as duas igrejas, com o líder da Igreja Ortodoxa, Patriarch Ilia II, dando boas vindas ao Pontífice.