Cotidiano

Moradores da Barra são escolhidos para conduzir a tocha olímpica

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RIO ? Ao todo, 12 mil pessoas vão participar do revezamento da tocha olímpica por 327 cidades do Brasil. Cada um vai carregar o fogo (ou já carregou) aceso na Grécia por 200 metros, num revezamento que só acabará no dia 5 de agosto, quando a última pessoa (o nome é um dos maiores segredos da organização) vai acender a pira olímpica e marcar a abertura dos Jogos do Rio.

O GLOBO-Barra perfila, a seguir, cinco moradores da região convidados a conduzir a tocha: a chef Carolina Sales, a especialista em educação e sustentabilidade Luciana Provenzano, o cantor Diogo Nogueira, a jornalista Fátima Bernardes e o médico Luis Fernando Correia, que já cumpriu sua missão, em Tiradentes (MG).

Cada um foi convidado por um motivo diferente, mas que os deixa em sintonia com os ideais olímpicos. Há quem não saiba ainda qual será a data em que conduzirá a tocha ou o percurso que fará: a convocação pode resultar numa viagem para outra cidade.

? Eu recebi um e-mail dizendo que a data será 4 de agosto, em Itaboraí ? comemora Luciana.

MISSÃO JÁ CUMPRIDA

A emoção que os outros moradores da Barra incumbidos de carregar a tocha olímpica vão sentir já foi experimentada pelo médico Luis Fernando Correia, diretor de relações institucionais do Hospital Samaritano e comentarista do ?RJ TV?, da Rede Globo, e da GloboNews. Há duas semanas, ele foi o condutor do fogo em Tiradentes (MG), e o recebeu nas escadarias da igreja matriz da cidade histórica.

? Depois do nascimento dos meus filhos, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida ? declara.

Correia mora na Barra, tem a vida quase toda no bairro e não faz ideia de como foi parar em Tiradentes, local que define como ?maravilhoso?. Mas imagina que o convite tenha origem no envolvimento que tem com o esporte desde 2004. Ele já foi médico da seleção brasileira de saltos ornamentais, chefiou a equipe médica nos Jogos da Língua Portuguesa, dirigiu a policlínica da Vila do Pan, foi com a delegação brasileira às Olimpíadas de Pequim e atuou como coordenador médico geral da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Além de tudo isso, jogou polo aquático pelo Flamengo e pelo Fluminense. Hoje, ele se dedica ao golfe, um esporte ?menos radical, mas desafiador?.

A conquista será compartilhada. Ele pretende expor a tocha e o uniforme que usou na Escola Britânica, onde os filhos estudam. Depois, as peças vão para a casa dele, e ficarão num local de destaque. Correia quer ainda botar a camiseta numa moldura, e já mandou fazer uma caixa de vidro com uma base de madeira para fixar o ?troféu?.

? O que me chama a atenção é que as 12 mil pessoas que vão conduzir a tocha representam bem a população. Em Tiradentes, éramos 11, e tinha um carteiro, uma agricultora, um professor… A comunidade está muito bem representada ? afirma o médico.

EMPREENDEDORA OLÍMPICA

2016 911528687-201605240021531663.jpg_20160524.jpgQuem entra em uma das suas três lojas, todas na Barra, sequer imagina que Carolina Sales não tem formação em gastronomia. Antes de fazer os brigadeiros que deram um novo rumo à sua vida, ela era veterinária. Como se sentia mal remunerada, tentou cursar Medicina, mas, no meio da segunda faculdade, decidiu fazer caixinhas artesanais para festas e casamentos. As caixinhas agradavam, mas as clientes queriam enchê-las. Foi quando recorreu à avó paterna e aprendeu a fazer brigadeiros. Isso aconteceu em 2010. De lá para cá, ela estudou sozinha, aprendeu os segredos da confeitaria, fundou a primeira loja especializada em brigadeiros no Rio e, por tudo isso, recebeu o convite de uma patrocinadora dos Jogos Olímpicos para ser uma das representantes do empreendedorismo no revezamento da tocha. Ela ainda não sabe quando participará da cerimônia.

? Penso que o convite é uma retribuição pelo fato de continuarmos gerando empregos apesar de todas as dificuldades que o país enfrenta. É uma valorização do trabalho ? diz.

VITÓRIA DA SUPERAÇÃO

Esporte, esporte mesmo, a especialista em educação e sustentabilidade Luciana Provenzano nunca praticou. Ela não é de correr atrás de bola ou ficar saltando de um lado para outro, mas jamais dispensou os benefícios da atividade física nem abriu mão de viver bem e de transformar o meio ambiente. É este modo de vida que a ajuda superar um linfoma crônico desde 2010. E foi esta vontade de viver, sem se fazer de vítima, que chamou a atenção do Comitê Rio 2016. Ela vai conduzir a tocha no dia 4 de agosto, em Itaboraí.

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? Eu nunca imaginei que um dia pudesse ser convidada ? alegra-se.

Não imaginou, mas plantou as sementinhas. Alimentação saudável sempre foi um hábito. Deste modo de vida surgiu o gosto de trabalhar com sustentabilidade e a vontade de proporcionar um futuro melhor para o mundo. Hoje, ela desenvolve projetos de educação corporativa, treinamento e desenvolvimento humano e ajuda na elaboração de um cardápio mais saudável nas escolas do Rio.

? A tocha representa esse fogo da vida. Passar o fogo para outra pessoa é passar energia. Isso para mim é muito forte, é o que busco fazer na vida ? afirma.

MUSA DOS JOGOS

2015 828738585-2015 828062243-tvg_20150624 jm encontro com fátima bernardes .jpgDurante as Olimpíadas, o programa ?Encontro com Fátima Bernardes? deve ser o único matinal da TV Globo a permanecer na grade. E essa não será a única relação da jornalista com os Jogos. Ela é uma das convidadas para conduzir a chama olímpica pelas ruas do Rio, sem local e data divulgados até o momento. A ligação de Fátima, praticante de dança, com a cobertura esportiva é antiga: foram duas Olimpíadas, quatro Jogos Pan-Americanos e quatro Copas do Mundo, com direito a um título de musa na de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão.

A VOZ OLÍMPICA

Esporte é com ele mesmo. Diogo Nogueira é atacante dos bons, e quase se profissionalizou no futebol. Não fosse uma contusão no joelho, talvez ele não tivesse o sucesso que conquistou no samba. Apaixonado pelas Olimpíadas desde pequeno, o cantor diz ?sim? a qualquer convite que recebe para divulgar os Jogos do Rio. No ano passado, quando faltava um ano para o início da competição, ele se apresentou no show da contagem regressiva. Quando a tocha chegou ao Brasil, lá estava ele novamente, em Brasília. Recentemente, Diogo gravou uma canção internacional chamada ?The fire?, que será distribuída nos veículos de cobertura oficial em todo o mundo. Ele representa a América do Sul, e esteve ao lado de Lenny Kravitz (América do Norte), Nneka (África), Yuna (Ásia) e Corinne Bailey Rae (Europa). Seu próximo compromisso olímpico será a condução da tocha no Rio, em local e data ainda não divulgados.

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? Topei na hora. Para mim, esse é um compromisso cívico, de cidadão. Meu disco novo se chama ?Porta-voz da alegria?, e o novo DVD é intitulado ?Alma brasileira?. Acho que esses trabalhos levam nos nomes o mesmo espírito dos Jogos e da tocha: união, alegria e esperança ? destaca o sambista.