Cotidiano

?Megashows desvirtuam a Virada?, diz secretário de Doria

2014011416412.jpgSÃO PAULO ? O cineasta André Sturm, apontado pelo prefeito eleito de São Paulo, João Doria, para a Secretaria de Cultura afirmou que a Virada Cultural não deixará o centro de São Paulo, como anunciado ontem pelo tucano. Segundo Sturm, apenas os megashows deixarão a região central da cidade. Atualmente diretor-executivo do Museu da Imagem e do Som, André Sturm também garantiu a gratuidade da Virada mesmo após a privatização do Autódromo, por meio de uma negociação da Prefeitura com a empresa que adquirir o espaço.

Para o cineasta, a existência de megashows no centro vai contra o propósito da Virada, criada para incentivar a população a experimentar a região central.

? [A Virada Cultura] Foi criada com o objetivo de fazer as pessaos conhecerem o centro. Com os megashows, as pessoas vão para o palco, acontece o show e depois caminham em bloco para o próximo e ninguém conhece o centro ? disse Sturm.

A ideia, de acordo com o futuro secretário, é manter programações da Virada Cultural no centro, mas utilizando os equipamentos culturais na região, como o Teatro Municipal. Os grandes shows passariam para o Autódromo de Interlagos que permitiram mais conforto aos frequentadores.

? No entorno desses equipamentos também vão acontecer atividades. No entorno do Teatro Municipal, na Praça Roosevelt vai ter programação. Os megashows desvirtuam a Virada no centro ? afirmou.

Em relação à privatização de Interlagos, Sturm disse que em 2017, o autódromo ainda estará sob administração da Prefeitura. Em 2018, caso já tenha sido privatizado, Sturm garantiu que será negociado com a empresa que assumir a administração do local a manutenção da gratuidade do evento.

? Se ele estiver privatizado, a Prefeitura vai negociar, eu te garanto. Se for no Autódromo, será gratuito ? disse Sturm, que afirmou que a Prefeitura poderia colocar no contrato de privatização o direito a utilizar o autódromo em algumas datas.

?LAMENTÁVEL?, DIZ EX-SECRETÁRIO

O ex-secretário de Cultura de São Paulo Carlos Augusto Calil, que comandou a pasta na primeira edição da Virada, em 2005, até 2012, classificou a mudança como lamentável. A Virada foi criada na gestão José Serra, do mesmo partido de João Doria, com o objetivo de reocupar o centro de São Paulo.

? A Virada é no centro de São Paulo. Fora, não é virada. Pode ser qualquer coisa, muito boa, inclusive. Mas a ideia da Virada Cultural foi ocupar o centro com a população da cidade, de todas as origens: do centro, da Vila Madalena, da zona leste, da zona oeste.

VIRADA CLANDESTINA

Nas redes sociais, o anúncio de João Doria também não foi bem recebido. Um evento criado no Facebook pelo jornalista Paulo Noviello e chamado de ?Virada Cultural Clandestina? que defende a realização de um evento paralelo à Virada Cultural no Autódromo de Interlagos. Até o momento, mais de 30 mil pessoas confirmaram presença no evento.

? A Virada é uma das coisas mais legais de São Paulo, não só pelas atrações, mas pela troca humana que acontece no centro. Claro que tem problemas, eu mesmo já tive celular furtado em uma virada, mas eu acho esse tipo de evento fundamental para a cidade ser menos dura e hostil ? afirmou Noviello.

Segundo o jornalista, a realização de uma Virada Cultural diferente e simultânea à oficial é viável devido à existência de coletivos e iniciativas culturais em São Paulo.

*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire