CARACAS – Em uma decisão inesperada, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, repassou ao vice-presidente Tareck El Aissami 15 atribuições até então exclusivas do chefe de Estado, entre elas a de tomar decisões sobre os orçamentos ministeriais, decretar expropriações, dissolver ou criar instituições estatais e remover vice-ministros.
A medida foi encarada pela imprensa venezuelana como uma tentativa de fortalecer El Aissami dentro da estrutura chavista e prepará-lo para uma possível candidatura presidencial em 2019.
? Com mais atribuições, ele tem mais poder e mais chances de se destacar, preparando o terreno para que seja apresentado como candidato ? afirmou o cientista político Luis Salamanca ao diário ?El Nacional?.
A manobra de Maduro também é vista como uma medida de segurança contra o referendo revocatório proposto pela oposição. Jesús Torrealba, secretário-geral da Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal coalizão de oposição do país, afirmou que a transferência de
atribuições representa um progressivo empoderamento de El Aissami, que pode transformá-lo no candidato do governo em 2019.
Ex-ministro do Interior e da Justiça e ex-governador de Arágua, o advogado de 42 anos chegou à Vice-Presidência no início de janeiro, substituindo Aristóbulo Istúriz. Apontado como um dos nomes mais radicais do chavismo, El Aissami é investigado por agências de Inteligência dos EUA por supostos vínculos com o narcotráfico e grupos extremistas como Hamas e Hezbollah.
