Cotidiano

Macaco sobrevive há 51 dias com coração de porco

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RIO ? A perspectiva de seres humanos receberem corações transplantados de outros animais está um passo mais próxima de se tornar realidade depois que cientistas sul-coreanos relataram, em um estudo científico, que implantaram com sucesso um coração de porco em um macaco. O órgão ainda estava em bom funcionamento 51 dias após a cirurgia, quando os médicos divulgaram seus resultados, quebrando o recorde anterior de 43 dias, de acordo com um relatório da agência de notícias Yonhap.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência Animal, da Coreia do Sul, explicaram que o coração foi geneticamente modificado para reduzir o risco de ser rejeitado pelo macaco. Essa alteração foi feita em 2010, quando os cientistas modificaram o DNA do porco ? chamado de Mideumi ? para que ele produzisse uma quantidade excessiva de uma proteína de membrana que ajuda a reduzir o risco de ter seus órgãos rejeitados após transplante.

O macaco, que é da espécie conhecida como Macaco do Velho Mundo (Macaca fascicularis), chegou a receber também uma córnea do olho do porco.

POSSÍVEL FIM DOS IMUNOSSUPRESSORES

Atualmente os pacientes de transplante têm que tomar drogas imunossupressoras para parar seus mecanismos de defesa natural que tendem a atacar o corpo estranho. Encontrar uma maneira de evitar essa reação seria um grande avanço, afirmam os pesquisadores.

E, quando se trata de transplante de coração, o dos porcos é considerado muito semelhante ao humano e muito adaptável. Já houve até mesmo um experimento no qual um coração de porco foi mantido, saudável, dentro de um babuíno por três anos.

O Instituto Nacional de Ciência Animal declarou que também planeja trabalhar com uma empresa de bioengenharia para transplante de tecido pancreático de porcos para macacos, num esforço de encontrar novas maneiras de tratar a diabetes.

Muhammad Mohiuddin, cirurgião de transplante cardíaco do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue em Bethesda, nos EUA ? e lidera o estudo do babuíno ? disse à revista “Science” que o xenotransplante, como os cientistas chamam o transplante entre espécies diferentes, está mais perto do que nunca de ser uma prática usual.

? As pessoas costumavam pensar que isso era apenas um experimento selvagem e sem implicações. Acho que agora todos estamos aprendendo que o xenotransplante em seres humanos pode realmente acontecer ? destacou ele.