Esportes

Laboratório para controle de dopagem sofre intervenção

RIO – A Agência Internacional Antidopagem (Wada, na sigla em inglês) tomou as rédeas do controle técnico do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) como condição para recredenciá-lo a tempo dos Jogos do Rio. Como parte da intervenção, o atual presidente da Agência Brasileira de Controle de Dopagem, Marco Aurélio Klein, será substituído pelo ex-judoca Rogério Sampaio. A exoneração de Klein foi encaminhada na noite de terça-feira para a Casa Civil da Presidência da República.

Para o que o laboratório opere durante a competição, o sistema de análise de amostras terá supervisão direta de especialistas estrangeiros, com larga experiência olímpica. A Wada descredenciou o LBCD na última quarta-feira, depois que o laboratório brasileiro testou falso positivo em pelo menos uma amostra. Este foi o mesmo problema que levou ao descredenciamento do antigo Ladetec, em 2013.

O descredenciamento por uma amostra com resultado falso-positivo é um dos motivos mais graves e improváveis no sistema mundial de controle de dopagem. Em condições normais, o LCDC dificilmente poderia se recredenciar em menos de dois meses. Porém, com a intervenção direta a Wada, o Comitê Olímpico Internacional espera ter condições de realizar no Rio a análise das amostras dos atletas durante a Olimpíada.

Para que o LBCD estivesse em condições de operar nos Jogos, o governo federal investiu R$ 188,4 milhões, em um prédio novo construído na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Caso o laboratório não seja recredenciado, as amostras dos Jogos deverão ser enviada para a Suíça, com uma despesa adicional ainda não calculada. E o investimento terá sido em vão.

De acordo com especialistas ouvidos pelo GLOBO, a solução formatada pela Wada permitirá que o laboratório seja recredenciado, em reunião que ocorrerá na primeira quinzena de julho. Espera-se que o laboratório teste cerca de seis mil amostras durante os Jogos, com funcionamento ininterrupto.

No último domingo, funcionários de alto escalão da Wada desembarcaram no Rio e desde então trabalham com livre acesso no laboratório para verificar todos os detalhes do processo de análises clínicas.

Na semana passada, a Wada informou que a decisão de suspender provisoriamente ou revogar o credenciamento de laboratórios que não cumprem “os mais altos padrões de qualidade” determinados pelo Padrão Internacional de Laboratórios (ISL, na sigla em inglês). A suspensão começou a valer na quarta-feira, dia 22, e proíbe que o laboratório conduza análises de amostras de sangue e urina.

O LBCD tem até 21 dias para recorrer da suspensão junto ao Tribunal Arbitral do Esportes (TAS). A suspensão provisória, segundo a Wada, tem duração de seis meses ou até que o Comitê Executivo da Wada tome um posicionamento, seja pela derrubada da suspensão ou pela revogação definitiva do credenciamento do laboratório.

Em nota, a direção do LBCD reforçou sua “capacidade técnica e ética para a realização de análises” e projetou a retomada de suas operações em julho, após uma visita técnica do comitê da Wada, que deve acontecer na primeira semana do mês. Segundo o LBCD, duas mil análises de amostras de sangue e urina já foram realizadas em suas instalações neste ano. O comunicado não especificou as razões para a suspensão do credenciamento.