Cotidiano

Jucá deixa relatoria de projeto sobre abuso de autoridade

BRASÍLIA – Após se tornar o líder do governo no Congresso, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) abandonou a relatoria do projeto que define os crimes de abuso de autoridade. Ele havia sido escalado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tocar a medida, que foi desengavetada depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de ambos, além do ex-senador José Sarney e do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em junho.

?Não serei mais o relator do projeto de abuso de autoridade. Outro senador será designado pelo presidente Renan Calheiros?, escreveu Jucá no Twitter.

Renan Calheiros fez cobranças públicas, e também de forma reservada, para que o relator iniciasse o debate do tema, mas Jucá preferiu adiar o anúncio de um cronograma, temendo que a discussão do projeto fosse vista como uma retaliação aos investigadores da Lava-Jato. No governo, havia uma preocupação em passar qualquer mensagem de constrangimento às investigações.

Na semana passada, após episódio de tensão no Senado e sob a expectativa da delação dos executivos da Odebrecht, o início da tramitação do projeto foi mais uma vez adiado. Jucá havia dito que anunciaria o cronograma de debates do texto logo após as eleições municipais, mas o peemedebista decidiu esperar até ver o clima se tornar mais ameno.

A interlocutores, Jucá afirmou querer evitar que o projeto fosse tido como uma provocação à Justiça e à Polícia Federal. Isto porque há a perspectiva de que a Odebrecht finalmente assine acordo de delação premiada. Renan Calheiros insiste em votar o projeto até o final do ano.

Na semana passada, em entrevista ao jornal ?Estado de S.Paulo?, o juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava-Jato, criticou a medida, afirmando que poderia dificultar investigações contra políticos.