Cotidiano

Johnson é apontado como provável premier após saída de Cameron

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LONDRES ? Principal líder da campanha pela saída da União Europeia (UE), o ex-prefeito de Londres Boris Johnson desponta como favorito à sucessao do primeiro-ministro David Cameron nas casas de aposta e na opinião de seus partidários. O conservador, que foi aliado do premier até decidir tomar partido e comandar as aspirações pelo Brexit, é apontado por fontes internas como o nome a ser escolhido líder do partido quando Cameron sair, em outubro ? e consequentemente assumindo o cargo de chefe de governo. reino unido

De acordo com o “Telegraph”, fontes do partido indicam que Johnson e Michael Gove (atual ministro da Justiça e outro grande partidário do Brexit) liderariam um governo de transição para ajustar os termos da separação com o bloco, processo que deve durar cerca de dois anos.

Fontes do partido disseram que é “natural” que Johnson se postule a líder do partido na eleição interna de outubro entre os conservadores, com Gove sendo seu número 2 e ministro do Tesouro. Atualmente, Cameron não tem um vice-premier. O atual número 2, George Osborne, poderia ainda se juntar à equipe, mesmo tendo sido abertamente contrário ao Brexit durante a campanha.

Johnson voltou a afirmar nesta sexta-feira que é hora de retomar o controle do Reino Unido e que o país continuará sendo uma grande potência europeia. Em entrevista coletiva após o anúncio do resultado do referendo, que deu vitória ao Leave (sair), ele afirmou que a realização da consulta era ?certa e inevitável?. Mas que não há necessidade de se apressar para a ilha deixar o bloco.

? A União Europeia foi uma ideia nobre em sua época, mas não é mais adequada para este país ? declarou Jonhson. ? Temos agora uma oportunidade gloriosa de aprovar as nossas leis e os nossos impostos de acordo com as necessidades do Reino Unido.

Johnson homenageou Cameron, a quem chamou de um ?homem corajoso e de princípios? e elogiou o seu ?conservadorismo compassivo?. Ele também agradeceu a Cameron pela realização do referendo.

? (O referendo) Era sobre o direito das pessoas de elegerem pessoas que tomam decisões importantes em suas vidas ? afirmou. ? Eles decidiram votar para retomar o controle.

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O FAVORITO

O ex-prefeito é o favorito para suceder David Cameron como primeiro-ministro, disse a casa de apostas Ladbrokes em um comunicado nesta sexta-feira.

Johnson, de 51 anos, conhece bem a UE. Foi correspondente do “Telegraph” em Bruxelas entre 1989 e 1994, favorecendo histórias que alimentavam o euroceticismo em casa.Tornou-se então o jornalista favorito da primeira-ministra Margaret Thatcher, graças a artigos que ridicularizavam as instituições europeias e caricaturavam seus regulamentos.

Johnson, neto de um imigrante turco, também apoio no passado a entrada da Turquia na UE, e agora parece ver essa possibilidade como uma ameaça para o Reino Unido. Seu perfil fez dele um alvo favorito dos conservadores partidários da permanência na UE, e ex-primeiro-ministro John Major chamou-o de “bobo da corte”. Mas o público parece sempre perdoá-lo, e ele sempre negou qualquer interesse no cargo de primeiro-ministro.

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UE QUER NEGOCIAÇÃO AGORA

Depois de os eleitores britânicos votarem pela saída, a presidência da UE afirmou que não quer esperar até a anunciada renúncia de Cameron, em outubro, para iniciar o processo de separação. Mais cedo, a presidência do Parlamento Europeu disse querer a saída britânica “o mais rápido possível”.

? Não faz sentido esperar até outubro para tentarmos negociar os termos de sua saída. Gostaria de começar imediatamente ? disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a uma TV alemã. ? A UE buscará uma abordagem razoável. Não é um divórcio amigável, mas não era uma relação sólida de amor, de qualquer maneira.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, confirmou que a UE quer o Reino Unido fora “o mais rápido possível”. Schulz advertiu nesta sexta-feira que a decisão de Cameron de atrasar o início das negociações da saída até que seu sucessor assuma o cargo pode não ser rápido o suficiente.

Em entrevista ao jornal ?The Guardian?, Schulz informou ainda que advogados da UE estudam a possibilidade de acelerar a ativação do artigo 50 ? o procedimento para sair da União Europeia, que ainda não foi aplicado.

? Incerteza é o oposto do que precisamos ? disse Schulz, acrescentando que é difícil aceitar que um continente inteiro se torne refém de uma luta interna no partido do premier britânico. ? Eu duvido que isso esteja apenas nas mãos do governo do Reino Unido. Nós temos que estar cientes desta declaração unilateral de que eles querem esperar até outubro, mas esta não e a palavra final.