Cotidiano

Janot recebe procuradores de países que apuram revelações da Odebrecht

BRAZIL-ARGENTINA-MACRI

BRASÍLIA ? O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, terá dois dias de reunião na próxima semana com procuradores-gerais de 15 países citados nas delações dos executivos da Odebrecht. Durante o encontro, entre quinta e sexta-feira, deverá ser definido um cronograma para a Procuradoria-Geral da República (PGR) atender aos pedidos de cooperação que a instituição tem recebido só de casos relacionados às estruturas internacionais de corrupção da construtora. O encontro deve facilitar o fluxo de informações e, a partir daí, turbinar as investigações já em andamento, especialmente na América Latina.

Lava-jat

A Procuradoria-Geral já vinha recebendo pedidos de cooperação há algum tempo, mas a demanda cresceu depois que autoridades americanas decidiram, no mês passado, divulgar informações sobre os acordos de delação dos executivos da Odebrecht que até então estavam em sigilo.

? As coisas se precipitaram depois da divulgação de alguns dados pelos americanos. Países que ainda não tinham investigação passaram a ter. Países onde as investigações ainda eram tímidas passaram a investigar com mais substância. Houve um grande aumento de pedidos de cooperação ? afirma o secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR, Vladimir Aras.

Num primeiro momento, a ideia de Janot era receber de forma separada cada uma das delegações estrangeiras que solicitou a colaboração brasileira. Com o crescimento dos pedidos, Janot entendeu que deveria fazer um encontro coletivo com todos os interessados. Durante as reuniões da próxima semana, o procurador-geral deverá explicitar o método de liberação das informações solicitadas. Os dados deverão ser repassados à luz dos tratos internacionais, de eventuais acordos bilaterais e, claro, conforme as cláusulas estabelecidas nos acordos de delação.

? Nossa expectativa é cumprir os tratados e ajudar os procuradores que investigam casos de corrupção na América Latina, África e Europa ? disse Aras.

INVESTIGAÇÕES EM DIVERSOS PAÍSES

Mesmo com a ainda restrita circulação de informações, as delações da Odebrecht estão provocando a abertura de investigação em quase todos os países onde a empresa brasileira atuava. Procuradores do Peru e Colômbia saíram na frente e estão com as apurações adiantadas. No Peru, o Ministério Público já até pediu a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, acusado de receber US$ 20 milhões de um dos operadores da Odebrecht. Na Colômbia, o ex-presidente Juan Manuel Santos está às voltas com a acusação de ter recebido US$ 1 milhão da empreiteira.

Na Argentina, onde as investigações também estão avançando, o chefe do serviço de inteligência Gustavo Arribas teria recebido US$ 600 mil de um dos operadores da Odebrecht em 2013. Arribas mantém estreitas ligações com o presidente Maurício Macri. As denúncias também atingem ex-integrantes do governo da ex-presidente Cristina Kirchner.

Estão convidados para participar do encontro com Janot os procuradores-gerais da Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Equador, Panamá, Venezuela, Guatemala, Moçambique, Peru, República Dominicana, Antígua e Barbuda, Portugal e Holanda.