Cotidiano

Inflação baixa abre porta para novo corte da Selic

Brasília – A inflação brasileira alcançou em 2017 o menor nível em 20 anos. Inclusive, ficou abaixo do piso da meta, fato que obriga o Banco Central a escrever uma carta ao Ministério da Fazenda explicando o descumprimento da meta. Pelos dados divulgados ontem, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do País, encerrou a 2,95%, menor índice desde 1998.

Para analistas e economistas, os dados servem para consolidar a visão de que a Selic – a taxa de juros básica da economia – deve ser cortada em mais 0,25 ponto porcentual na reunião de 6 de fevereiro de política monetária. Hoje, a Selic já é a menos da história (7% ao ano).

Já o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destaca que a inflação de dezembro, que teve leve aceleração, reduz a chance de um corte de 0,50 ponto básico na Selic em fevereiro e também diminui a possibilidade de corte adicional em março.

"Foi um resultado extraordinário, abaixo de 3%, até curiosa a situação de que Banco Central vai ter de escrever uma carta para explicar por que ficou tão melhor", disse o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "É assimétrico, quando é para cima é ruim, quando é para baixo é bastante positivo. Não altera nada. Esse número mais suave é que está na base da comunicação do Banco Central, sugerindo mais uma ou duas rodadas de redução da Selic", avalia. A MB Associados é mais otimista e aposta que a taxa de juros básica irá cair para 6,50%.

Contudo, a avaliação dos analistas é de que esse fenômeno não deve se repetir em 2018: "A tendência é de que Alimentação se mantenha em território positivo e leve a inflação de volta para o plano de tolerância do Banco Central", estima o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Em dezembro, o grupo "Alimentos e Bebidas" interrompeu uma sequência de sete meses de queda, subindo 0,54%. Mas a despeito do avanço do IPCA acima do esperado no último mês de 2017, o cenário para a inflação no Brasil continua favorável, ressalta ele.

Para 2018, o UBS Brasil projeta que o IPCA deve ficar em 4%, seguindo abaixo do centro da meta do BC, de 4,5%.