Esportes

Impressão 3D sinaliza a chegada de uma nova era

GE2.jpgNa década de 80, quando a revolução das impressoras 3D teve início, a maioria dos projetos existentes não passava de mecanismos lentos e ineficientes, sem uso prático para a indústria. Os caros equipamentos e insumos restringiam-se à criação de itens simples, que serviriam de base para a elaboração de produtos finais, como modelos de peças de maquinário ou brinquedos.

Após cerca de 35 anos de pesquisa e evolução, é possível dizer que essa tecnologia está finalmente pronta para atender às necessidades da indústria moderna, oferecendo mais agilidade e eficiência na produção de bens de consumo para os mais diversos setores da economia.

Agora, a manufatura aditiva, comumente conhecida como impressão 3D, está em franca expansão. A GE estima que, até 2025, mais de 20% de seus novos produtos envolverão algum tipo de processo aditivo.

Para Paul Sullivan, evangelizador de tendências tecnológicas da Autodesk para a América Latina, as possibilidades são inúmeras, incluindo a prototipagem de itens complexos até produtos finalizados, prontos para atender às exigências do consumidor.

? Grandes empresas, como a Ford Motors, por exemplo, podem utilizar a impressão 3D para criar protótipos de motores de automóveis, além do teste ergométrico de manutenção. Além disso, empreendedores e startups podem fazer produtos originais, sob encomenda, que ninguém mais pode produzir sem essa tecnologia ? afirma.

O executivo também aponta um crescimento exponencial nos valores relacionados à tecnologia, o que deve aquecer a economia.

? O mercado global de fabricação aditiva está crescendo de cerca de US$ 5 bilhões, contabilizados no ano passado, para mais de US$ 21 bilhões em 2020 ? conta.

A afirmação parece estar de acordo com os dados divulgados pela Gartner, empresa especializada em consultoria na área de tecnologia, apontando que o número de impressoras 3D comercializadas neste ano deve chegar a 496.475 unidades, um aumento de 103% em relação ao ano anterior.

? A qualidade e a performance das tecnologias relacionadas a esse mercado são a força por trás de uma nova demanda por parte de empresas e consumidores, o que incentiva o crescimento do setor ? diz Pete Basiliere, vice-presidente de pesquisas da Gartner.

Ao contrário do que analistas de mercado acreditavam, o relatório indica que a indústria se tornou o principal consumidor das impressoras 3D, em vez do público doméstico.

? Elas são capazes de produzir ferramentas e peças para reparo, além de produtos de alta qualidade. É justamente essa capacidade que está motivando o crescimento global da tecnologia ? conclui Basiliere.

Impressões 3D na mesa de cirurgia

Além de peças de reposição para maquinário pesado, automóveis e brinquedos, existe um nicho em ascensão para outro tipo de aplicação da tecnologia 3D: o uso na medicina.

Os profissionais da área da saúde, em particular, têm sido rápidos em adotar a tecnologia, ela é uma alternativa para reduzir os custos e melhorar os resultados de procedimentos.

Muitos já estão familiarizados com implantes ou próteses impressas em 3D, duas das primeiras disciplinas a adotar a tecnologia.

Menos conhecido, mas igualmente importante, é o impacto que isso pode ter no tempo gasto em salas de operações. Modelos impressos usando imagens de ressonância magnética como um guia podem ajudar cirurgiões a planejar procedimentos, diminuindo o tempo gasto na mesa de operações.

A fronteira final é o bioprinting
Por muitos anos, os cientistas estiveram limitados pela espessura e complexidade dos tecidos vivos que poderiam criar, pois os elementos cultivados em laboratório não tinham a capilaridade dos vasos sanguíneos encontrados na natureza, entre outras questões relativas ao funcionamento dos tecidos vivos.

Mas um novo método, desenvolvido por uma equipe da Universidade de Harvard, permite a construção de tecidos formados por múltiplos tipos de células e com estrutura vascular. De todo modo, a construção de grandes órgãos ainda está distante e, num curto prazo, o foco está em implantes e próteses.

? Hoje é possível criar sorrisos perfeitos para aqueles que precisam. Muitas empresas estão fazendo isso ? afirma Sullivan, da Autodesk. Nós também conhecemos pacientes que receberam próteses para outras partes do corpo, incluindo substituições de quadril.

O executivo cita o caso da ciclista alemã Denise Schindler, tetracampeã paraolímpica que planeja se tornar a primeira esportista do mundo em sua modalidade a competir nos jogos com uma perna totalmente impressa.

? Sua equipe usou o Autodesk Fusão 360, que faz modelagem, animação e simulação, permitindo a simulação do impacto sobre a peça ? conta.

Para Jen Owen, fundadora da iniciativa E-Nable (conhecida por distribuir próteses ortopédicas à comunidades carentes), a evolução desse setor é apenas o primeiro passo para uma produção muito mais dinâmica, além de trazer a promessa de melhoras na qualidade de vida para diversas pessoas.

? Acredito que o futuro esteja na impressão 3D. Qualquer pessoa, hoje, pode pensar em uma solução para melhorar o mundo, criar um protótipo e testá-lo à exaustão. É exatamente isso que nossos colaboradores fazem ao criar dedos, mãos e até braços inteiros ? diz. Não há como descrever o que sentimos ao colocar uma mão impressa pela E-Nable em uma criança e vê-la mexer os dedos pela primeira vez. É por isso que trabalhamos para a evolução dessa tecnologia, mas sem esperar retorno algum.