Cotidiano

Governos de Equador, Bolívia e Venezuela chamam embaixadores após impeachment

QUITO e CARACAS ? Assim que foi confirmada a destituição de Dilma Rousseff da Presidência, os governos de Equador, Venezuela e Bolívia anunciaram que chamarão de volta seus embaixadores no país, e condenaram a decisão do Senado brasileiro.

Em comunicado enviado por meio de sua chancelaria o governo equatoriano classificou a destituição de Dilma como ?uma flagrante subversão da ordem democrática e um golpe de Estado?.

?O Governo do Equador não pode ignorar o fato de que um grande número de tomadores de decisão no processo de impeachment do presidente estão sendo investigados por atos graves de corrupção?, afirma o comunicado. ?Estes eventos infelizes, inaceitáveis no século XXI, representam um sério risco para a estabilidade da nossa região e constituem um sério revés na consolidação da democracia, fruto de tanto esforço e sacrifício para o nosso povo.?

Em sua conta no Facebook, o presidente equatoriano, Rafael Correa, publicou uma foto ao lado de Dilma, e anunciou que pedirá a retirada do embaixador nacional em Brasília.

?Destituíram Dilma Rousseff. Uma apologia ao abuso e à traição?, diz Correa na legenda da foto. ?Retiraremos nosso encarregado da embaixada. Jamais compactuaremos com essas práticas que nos relembram os momentos mais tenebrosos de nossa América. Toda a nossa solidariedade à companheira Dilma, a Lula e a todo o povo brasileiro. Até à vitória sempre?.

Em nota oficial, o governo da Venezuela anunciou o congelamento das relações com o novo governo brasileiro ? que classificou como ?originado em um golpe parlamentário? ? e a retirada definitiva de seu embaixador no país. O documento afirma que ?as oligarquias políticas e empresariais, que em em aliança com setores imperialistas consumaram o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, recorreram a artimanhas jurídicas sob o formato de crime sem responsabilidade para ascender ao poder pela única via possível: a fraude e a imoralidade?.

?O golpe de Estado parlamentar substitui ilegalmente a vontade popular de 54 milhões de brasileiros, violentando a Constituição e alterando a democracia nesse país irmão?, afirma a nota. ?A República Bolivariana de Venezuela expressa sua solidariedade com a presidenta Dilma Rousseff e com os milhões de mulheres e homens que mediante o voto direto e secreto elegeram a presidenta. Foi executado uma traição histórica contra o povo do Brasil e um atentado contra a integridade da mandatária mais honesta no exercício da presidência da República Federativa do Brasil?.

No Twitter, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ofereceu solidariedade a Dilma e ao povo brasileiro.

?Condenamos o golpe oligárquico da direita! Quem luta vence!?, exclamou Maduro na rede social.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales, que já anunciara que chamaria seu embaixador de volta caso o impeachment se consolidasse, condenou o que chamou de ?golpe parlamentar contra a democracia brasileira?. A ex-presidente argentina, Cristina Kirchner também expressou solidariedade com o povo do Brasil, afirmando no Twitter que seu coração estava ao lado de Dilma e ?dos companheiros do PT?.