Reportagem: Patrícia Cabral
Além dos efeitos da pandemia, com competições canceladas e recursos reduzidos, integrantes da comissão técnica, atletas das equipes de rendimento e alunas das escolinhas do Centro de Iniciação ao Esporte Alice Martelli, em Cascavel, ainda tentam superar a ausência da ex-ginasta e técnica Ana Paula Scheffer, que morreu em outubro deste ano.
Segundo a técnica Margarete Oliveira, a retomada foi gradativa com o retorno parcial dos treinos presenciais e disputas de competições on-line. “A morte da Ana foi muito triste e impactante para nós. Foi necessário que, além de todos os desafios que as meninas já estão acostumadas, elas conseguissem pisar no tapete novamente com equilíbrio emocional e superando a saudade que sentem. Combinamos dar um passo de cada vez”, conta.
No início deste mês, a GR cascavelense teve motivos para sorrir e se orgulhar mais uma vez. A ginasta Giovana Rafaela Souza, de 14 anos, e a técnica Margarete foram convocadas para a segunda edição do Estágio de Treinamento de Ginástica Rítmica realizado pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), em parceria com a área de desenvolvimento do Comitê Olímpico do Brasil, no Centro Nacional de Treinamento, em Aracaju, no Sergipe.
Foram chamadas as sete primeiras ginastas nas disputas individuais das categorias infantil e juvenil e os conjuntos campeões brasileiros nas categorias infantil, infanto-juvenil e juvenil, além de três ginastas dos conjuntos medalhistas de prata no infantil e no juvenil.
Para a presidente da Confederação, Luciene Resende, a iniciativa reforça o compromisso da entidade com a formação e a valorização das ginastas. “A CBG vem realizando diversas ações nesse sentido. Reunimos as atletas juvenis (13 e 14 anos) e treinadores que mais se destacaram nos Campeonatos Brasileiros no ano passado e, assim, continuaremos mapeando a base da ginástica rítmica nacional, capacitando os treinadores participantes”, explica.
O estágio serviu como seletiva para definir as ginastas que vão representar a categoria de base do Brasil nos eventos internacionais previstos para 2021, como Campeonatos Pan-Americano e Sul-Americano da categoria juvenil e os recém-criados Jogos Pan-Americanos Júnior, cuja primeira edição será em setembro de 2021, em Cali, na Colômbia. “Diferente do que foi em 2019, quando as atividades tiveram o objetivo de aprimorar técnicas e padronizar os treinadores para a modalidade, tivemos neste ano uma semana de treinos bem mais intensivos e de avaliação. As meninas precisavam apresentar o melhor que conseguiam nas séries e no trabalho físico visando à seletiva para representar o Brasil no conjunto e no individual”, resume Margarete.
Talento
Giovana começou a fazer ginástica com sete anos. Frequentou a escolinha local e passou a integrar a equipe de rendimento. Já disputou competições de base como Copa Oeste de GR, campeonatos estaduais e nacionais. “Foi gratificante estar entre as melhores ginastas do Brasil. Pensei muito nos ensinamentos da Scheffer e na confiança da Marga. Fiquei nervosa em vários momentos, mas sentia muita segurança no olhar da minha técnica a cada movimento que eu executava. Espero ser convocada, mas vou continuar treinando muito para representar Cascavel da melhor maneira possível e conquistar bons resultados”, diz a ginasta.
A avaliação do desempenho de Giovana foi positiva. “A gente espera a posição oficial da CBG, que sempre foi muito criteriosa na hora de convocar as atletas para as seleções de todas as categorias, mas o desempenho da Giovana foi muito bom e a expectativa é muito positiva. Caso ela seja convidada a integrar a seleção brasileira, vai ter que mudar para Aracaju, cidade que hoje centraliza os treinamentos das seleções”, explicou Margarete de Oliveira.
Além de Giovana, outras seis ginastas do Paraná participaram do estágio em Aracaju: Alana da Silva, Fernanda Heinemann, Maria Eduarda Alexandre de Toledo, Gabryela da Rocha e Isadora de Oliveira, do Clube Agir, de Curitiba, e Júlia Beatriz Kurunczi, de Londrina.
