Cotidiano

Geração de vagas pode voltar no primeiro semestre de 2017

RIO – O mercado de trabalho pode parar de piorar até o fim do ano e começar a gerar vagas em março ou abril do ano que vem, nas projeções do professor da USP José Pastore. O Brasil tem atualmente 11,4 milhões de desempregados, o que representa 11,2% da força de trabalho no país. Os dois números são os piores desde 2012, quando iniciou a nova pesquisa de emprego do IBGE, que abrange todo o território nacional.

— Acho que teremos uma boa surpresa no ano que vem. Até o fim do ano, o mercado começa a acalmar, com a taxa de desemprego ficando estacionada ou até caindo um pouco — diz Pastore.

Para fazer essa previsão, ele toma por base as notícias de que o presidente interino, Michel Temer, vai focar nas concessões de obras de infraestrutura, que podem atrair investidores externos, diante dos juros negativos que estão imperando no mundo:

— O investimento em infraestrutura vai puxar outras cadeias de comércio, serviços. Entre março e maio, vai começar a gerar emprego novamente. Trazer a taxa de desemprego de 12% para 5% vai demorar, mas se conseguirmos reduzir para 10%, 9,5%, já vai ser um grande passo. Sou um otimista condicionado, porque tudo vai depender se o governo vai continuar ou não.

O professor da PUC José Márcio Camargo é mais pessimista. Como declarou a colunista do GLOBO Míriam Leitão, ao apresentá-lo à plateia do encontro sobre reforma trabalhista:

— Preparem seus corações para ouvir os números de José Márcio Camargo.

INFLAÇÃO DE SERVIÇOS E EMPREGO

O professor da PUC diz que 2017 vai ser um ano de economia estagnada, “se tudo der certo”. Ele prevê que antes de começar a cair, a taxa de desemprego pode chegar a 13%, 13,5% até outubro, principalmente se o Banco Central quiser levar a inflação para o centro da meta de 4,5% até o fim de 2017. O mercado prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 5,3% em 2017.

— Todos os indicadores antecedentes mostram que a taxa de desemprego deve continuar crescendo até setembro e outubro deste ano. Deve chegar entre 13%, 13,5%. Com essa taxa, devemos ter uma inflação de serviços da ordem de 5,5% em meados do primeiro semestre do ano que vem.

A taxa de desemprego sobe trimestre a trimestre desde o fim de 2014. No início de 2012, 7,9% da força de trabalho estavam a procura de uma vaga no mercado. Outro complicador, segundo Camargo, é que quando a taxa de desemprego fica abaixo de 6,5%, a inflação acelera.