Cotidiano

Garoto de 13 anos é torturado e morto por estupro que não aconteceu

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SANTIAGO ? Quatro moradores da cidade de Temuco, a cerca de 700 quilômetros da capital chilena, Santiago, estão sendo acusados pela tortura e morte de um adolescente de 13 anos. De acordo com a acusação, eles cometeram o crime porque suspeitaram que o garoto havia abusado sexualmente da filha de 5 anos de um deles, mas médicos legistas concluíram que o estupro não aconteceu, informa o ?El País?.

O caso está comovendo a sociedade chilena, abrindo o debate sobre a proteção a menores vulneráveis e a prática da ?justiça pelas próprias mãos?. Segundo o promotor Roberto Garrido, os envolvidos foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado e permanecerão sob custódia ao menos pelos próximos seis meses, prazo estipulado para a investigação.

Após suspeitar que o menor identificado como Alan. havia estuprado a sua filha, o pai da menina chamou um amigo e partiu em busca do adolescente no último domingo. Após encontrá-lo, os dois arrastaram o garoto para um casebre, onde o amarraram a uma cadeira e o espancaram por 12 horas. Posteriormente, o dono da casa e a mãe da menina se uniram aos agressores, sendo que a mulher chegou a cortar o rosto da vítima com uma tesoura. Na madrugada de segunda-feira, Alan foi morto, sufocado por um travesseiro e um saco plástico.

? Um exame foi realizado na filha de dois dos réus no caso, e concluiu que não existem lesões genitais compatíveis com uma violação ? disse o promotor, na audiência para apresentação das acusações formais.

Os acusados foram identificados como Johana Mora Villagrán, Pablo Morales Correa, Abraham Bravo Palma e Víctor Chanqueo Morapara. Eles tentaram esconder o corpo da vítima, mas uma testemunha alertou a polícia. Registros indicam que o garoto estava desde 2014 sob proteção do Estado e, neste ano, ele ingressou numa instituição do Serviço Nacional de Menores (Sename) como medida de proteção. Como ele estava internado voluntariamente, ele podia sair livremente.

O caso se soma a outros que demonstram o fracasso do Estado chileno na proteção de menores em situação de risco. Em outubro, um relatório apontou que entre 2005 e junho deste ano, 865 crianças e adolescentes sob proteção do Estado morreram. No início deste mês, o jornal ?La Tercera? revelou a existência de quatro redes de exploração sexual de menores internas ou ex-residentes de instituições do Sename.