Cotidiano

Força-tarefa da Lava-Jato diz que há tentativa de aterrorizar procuradores e juízes

SÃO PAULO. Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba divulgaram nota de repúdio ao que chamaram de tentativa de “aterrorizar procuradores, promotores e juízes”, após notícias de que o plenário da Câmara pode apreciar ainda nesta terça-feira emendas e substitutivo ao projeto das ?10 Medidas Contra a Corrupção?, entre elas a introdução do “crime de responsabilidade” para integrantes do Ministério Público e do Judiciário. Segundo os procuradores, a figura do crime de responsabilidade abre a possibilidade para que investigados processem criminalmente os investigadores, gerando “intimidação” e “retaliação”.

A força-tarefa afirmou que deputados e senadores não estão sujeitos a crime de responsabilidade e que a proposta, destinada a integrantes da Justiça e do MP, atenta “contra a independência do exercício da atividade ministerial e judicial. Segundo os procuradores, dizer que juízes e procuradores formam uma “casta privilegiada” ou “intocável” tem o objetivo apenas de manipular a opinião pública, pois eles se sujeitam à responsabilidade civil, criminal, de improbidade administrativa e disciplinar.

“Além de serem propostos crimes de redação propositalmente aberta, como faltar com o ?decoro do cargo?, os quais são punidos com demissão (sem qualquer gradação), os próprios investigados poderão processar criminalmente os investigadores. Crimes excessivamente vagos dão margem a subjetivismo na aplicação da lei e perseguições, não toleradas pelo Direito Penal. Isso abre espaço para retaliação, vingança, intimidação e acovardamento, amordaçando o exercício legítimo da função”, diz a nota.

Os procuradores afirmam que há intenção de criminalizar a atividade de juízes e procuradores e que não há justificativa para que isso seja feito, a não ser o risco “que os poderosos estão sofrendo de responderem por seus crimes e pagarem pelo que fizeram.”

Na nota, a força-tarefa reafirma confiança no aperfeiçoamento do sistema anticorrupção e que “o momento clama por medidas contra, e não a favor, da corrupção”.