Cotidiano

Fetos com zika têm risco de até 13% de desenvolver microcefalia

microcefalia1.jpgRIO – Um estudo inédito publicado esta semana na revista especializada New England Journal of Medicine aponta que fetos infectados pela zika no primeiro trimestre da gravidez têm risco entre 1% e 13% de desenvolver microcefalia. Os centros norte-americanos de Controle de Doenças criaram um modelo matemático baseado em estatísticas de infeções ocorridas na Polinésia francesa, que sofreu um surto em 2013, bem como no estado da Bahia no Brasil. Zika – 2305

A relação entre zika e microcefalia já é estudada há meses por especialistas, mas esta é a primeira estimativa desenvolvida no atual surto da epidemia.

Essa é a primeira estimativa de risco de microcefalia em fetos de mulheres que foram infetadas durante a atual epidemia.

?Se o risco de infeção pelo zika nas mulheres grávidas e de microcefalia nos fetos que carregam é semelhante noutras zonas geográficas onde o vírus ainda não está propagado, podemos esperar muitos casos de microcefalia e outros efeitos cerebrais nefastos?, afirma o estudo.

O balanço atualizado na terça-feira pelo Ministério da Saúde aponta que, em uma semana, houve confirmação de 50 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central no país. O boletim aponta um total de 1.434 diagnósticos fechados, desde o ano passado até 21 de maio de 2016. Do total, 208 têm resultado laboratorial positivo para zika.

Há ainda 3.257 casos em investigação. Outros 2.932 já foram descartados. O número de óbitos suspeitos avançou, em uma semana, de 273 para 285, dos quais 60 têm confirmação para microcefalia. A causa de 187 mortes está em investigação e 38 foram descartadas para a malformação cerebral e outras alterações do sistema nervoso central.

Segundo o boletim, a microcefalia avança pelo país. Os casos confirmados foram registrados em 517 municípios, ante 499 notificados no último informe, da semana passada. O Acre é a única unidade da Federação em que não há casos confirmados.

BEBÊS MONITORADOS

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou, na tarde de segunda-feira, em Genebra, que vai investigar possíveis danos no desenvolvimento de crianças cujas mães foram infectadas pelo vírus zika durante a gestação. A informação é da assessoria do ministério.

zika.jpgO Brasil acompanhará as crianças que não nasceram com microcefalia, mas tiveram suas mães infectadas pelo vírus zika. A ação foi anunciada na abertura 69ª Assembleia Mundial da Saúde. Serão monitorados os casos notificados no sistema de vigilância, mas descartados para microcefalia. O objetivo é verificar se existem outras consequências da infecção pelo vírus.

? Oferecemos atenção integral às crianças com microcefalia e vamos acompanhar as crianças cujas mães apresentaram infecção pelo zika durante a gestação, inclusive as que não apresentam microcefalia, para detectar o surgimento de complicações neurológicas, oculares ou auditivas ? disse Barros.