Cotidiano

Febre amarela: vacina só deve ser tomada por quem irá se expor ao vírus

64526772_CI Rio de Janeiro RJ 24-01-2017 Fila para vacinação contra febre amarela no posto de sa.jpg

SÃO PAULO ? Com riscos de efeitos colaterais, a vacina contra a febre amarela só deve ser administrada no paciente que, de fato, corre o risco de contaminação da doença. O alerta é feito pelo infectologista Marcos Boulos, também coordenador de Controle de Doenças da Secretaria estadual de Saúde de São Paulo.

links febre amarela novoEle explica que nem a cidade de São Paulo, nem a do Rio de Janeiro, por exemplo, estão dentro da área de recomendação da vacina da febre amarela, porque ambas não registram sequer um caso suspeito da doença. Portanto, não é necessário que moradores dessas cidades se imunizem ? a menos que tenham viagem marcada para lugares onde há ocorrências da enfermidade.

? Há casos em que, após tomar a vacina, a pessoa tem uma infecção benigna, uma febre. Mas pode chegar também a ter um choque anafilático, se a pessoa tem alergia a ovo, por exemplo. Já houve ocasiões em que a vacina provocou uma febre amarela atípica e morreu. Na epidemia que houve há sete anos, em Botucatu (interior de SP), morreram 11 pessoas, sendo quatro por causa da vacina. Por isso, fazemos a vacinação seletiva, quando há risco concreto de adquirir a doença. É um problema sério ? explica Boulos.

A incidência desse tipo de reação colateral à vacina, no entanto, é baixa. Estima-se que ocorra um caso a cada 400 mil doses aplicadas. Ainda assim, o especialista defende que não vale a pena correr esse risco em regiões onde não há registro de circulação do vírus.

A recomendação de vacina neste momento é para as pessoa que vivem em região de mata ou passarão as férias numa área em que haja casos de febre amarela. Isso porque o surto que o país vive hoje é do tipo silvestre da doença, no qual macacos doentes são picados pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que passam a enfermidade a humanos se os picarem. Desde 1942, o Brasil não identifica casos de febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Infectologista explica reações colaterais à vacina da febre amarela

Em todo o país, segundo o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado no dia 30, foram contabilizadas 46 mortes por febre amarela ? seis delas em São Paulo ? e 568 casos suspeitos. Deste total, 107 foram confirmados, 430 ainda estão sob investigação e 31 foram descartados.

SINTOMAS

Os sintomas iniciais desta doença são febre, calafrios, dor de cabeça e no corpo, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Segundo Boulos, em até quatro dias esses sintomas podem desaparecer, mas se isso não acontecer, e a situação se agravar, “deve-se correr para o hospital”.