Cotidiano

Ex-presidente da Câmara recebe convites para se transferir para PT e PTdoB

BRASÍLIA ? O polêmico e controverso vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), já tem o apoio do ex-presidente Lula e do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), para concorrer a uma vaga no Senado, em 2018. Do baixo clero, Maranhão ficou famoso pelas trapalhadas no comando da Câmara, entre elas a anulação do processo de impeachment da então presidente, Dilma Rousseff.

Maranhão, que está insatisfeito em seu partido, o PP, chegou a receber convite para se transferir para o PT, mas considerou que não tinha perfil tão de esquerda e agora está em negociação com o PTdoB, partido do deputado Sílvio Costa (PE), um dos parlamentares mais aguerridos na crítica ao processo de impeachment.

Receber o apoio de Lula e Flávio Dino foi a condição imposta por Maranhão para protagonizar a desastrada tentativa de anular o impeachment, em maio deste ano. Numa canetada, enquanto exercia a interinidade na presidência da Câmara, ele anulou a aprovação do impeachment e pediu ao Senado que devolvesse o processo.

Segundo relatos, a articulação contra o impeachment foi feita com o aval do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas Renan acabou não acatando o pedido de Maranhão, e o processo prosseguiu normalmente no Senado, culminando com o afastamento da presidente.

Mesmo assim, as legendas de esquerda mantiveram o pacto de apoiar Maranhão, independentemente do partido no qual esteja alojado o vice-presidente na Câmara. Um aliado envolvido nas tratativas para a saída do PP ironiza a candidatura ao Senado, chamando as pretensões de ?piada?:

? Ele já tem até um slogan: ?Maranhão endoidou, Waldir senador?. É uma piada, mas ele diz que é candidato. Fazer o quê?

O convite a Maranhão foi feito pelo presidente do PTdoB, deputado Luis Tibé (MG), há cerca de um mês, e, desde então, os dois já se reuniram em diversas ocasiões para discutir a possibilidade. No PP, o problema é que o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), investigado na Operação Lava-Jato, tirou o comando regional do partido das mãos de Maranhão e o repassou a seu correligionário André Fufuca.

Maranhão dá como certa a prisão de Nogueira na Lava-Jato e avalia que, caso isso não demore a acontecer, poderá até ficar no PP e retomar a direção maranhense da legenda, garantindo sua vaga para disputar o Senado.

Maranhão também foi convidado a se transferir para o PT, mas admite que a legenda está ?bem mais à esquerda? que ele. Há ainda quem defenda que ele vá para um partido que ainda nem foi criado, chamado Partido da Igualdade, centrado na defesa dos direitos dos portadores de deficiência. Maranhão tem uma filha autista e simpatiza com o partido, caso a sigla consiga se viabilizar.

O vice-presidente da Câmara ficou conhecido por suas posições nos meses que ficou à frente da Casa e confundiu os deputados, ora a beneficiar Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa, ora a agir em benefício do PT, ora ao se aproximar de Rodrigo Maia. Com coleção de histórias bizarras, Maranhão chegou a pedir alguns minutos para ?falar com Deus? antes de tomar uma decisão durante uma reunião com parlamentares.