Política

Estado integra programa pioneiro sobre solos no Brasil

Os governos do Paraná e federal assinaram termo de cooperação para executar os trabalhos do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos (PronaSolos).

O termo destina R$ 1,5 milhão da Itaipu Binacional para o levantamento de dados sobre solos, inicialmente na região Oeste do Estado, entre os municípios de Toledo e Foz do Iguaçu na bacia hidrográfica do Paraná III.

O objetivo a médio e longo prazos é mapear todo o Estado, pois o programa se estende até 2030. No Paraná, o PronaSolos vem sendo estruturado há mais de um ano com entidades parceiras, complementando o trabalho do Programa Integrado de Conservação de Solo e Água do Paraná (Prosolo).

Com isso, o Programa busca articular a estrutura de pesquisa para aumentar o nível de conhecimento dos solos brasileiros. Com o termo, o Paraná se torna o primeiro Estado a implantar o Pronasolos.

A iniciativa é viabilizada pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, a Embrapa Florestas – que conduzirá o programa, a Itaipu Binacional, secretarias de Estado da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, Meio Ambiente, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Ambiental (IAP) e Instituto de Terras, Cartografia e Geociência (ITCG).

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, George Hiraiwa, disse que a união entre os diversos setores vai beneficiar o Paraná e agradeceu o empenho de todos os parceiros. “Esse levantamento permitirá que as informações de solo sejam utilizadas pelo setor público e pelo setor produtivo no planejamento das suas ações. Os produtores poderão planejar suas propriedades, visando proteger o solo e a água, seu maior patrimônio”.

O Iapar vai executar a parte de geoprocessamento para elaboração de mapas, reunindo os dados de cada localidade para transformá-los em informação geográfica. O diretor de pesquisas do Instituto, Tiago Pellini, afirmou que o projeto exige bastante trabalho de campo, mas vai constituir uma base de dados muito mais detalhada para conhecimento dos solos. “Os atuais mapas de solo têm escalas muito menores, sem detalhamento. Agora será possível conhecer a estrutura e a classificação dos solos, trazendo benefícios para o planejamento, recomendações de uso, aptidão agrícola do solo, além de outras informações”, diz.

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Marcos Stamm, destacou que o convênio aumenta os compromissos da binacional na região. Segundo ele, os principais beneficiados são os produtores rurais.

DIFERENCIAL

Nesses levantamentos, no Paraná, além do mapeamento de solos, será privilegiada a água, com mapeamento da vegetação em áreas protetivas.

Segundo a secretária-executiva do programa Prosolo Paraná, Debora Grimm, outro diferencial é que a base de dados será pública, qualquer pessoa pode ter acesso. “Com isso, vamos gerar mapas de solo numa escala acessível e ter conhecimento sobre a vegetação protetiva, facilitando o planejamento das propriedades”, disse.

Atualmente, os mapas de solos e vegetação trazem informações, em média, na escala de 1:100 mil. A intenção é reduzir essa escala para 1:25 mil ou 1:50 mil.

PROGRAMA FEDERAL

O Pronasolos é um programa federal, de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Embrapa Florestas faz o levantamento das informações necessárias e demais providências para se estabelecer uma governança eficaz com relação ao tema solo, que será implantado em todos os estados.

Ele surgiu a partir de um Acórdão do Tribunal de Contas da União (nº 1942/2015) que versa sobre Governança de Solos. A matéria constatou a insuficiência de informações e a dificuldade de acesso aos dados de solos, devido à inexistência de um sistema único ou de uma plataforma que permita a interpretação desses dados por profissionais que utilizam esse tipo de informação no Brasil.

Cada Estado ficará responsável pelo mapeamento detalhado com base em cinco princípios de ação: proporcionar informações que auxiliem na promoção de uso e manejo adequado do solo, com foco na sustentabilidade; estimular investimentos, políticas públicas mais assertivas e transferência de tecnologia; promover pesquisas focando nas lacunas do conhecimento em solos; geração de informações e ampliação da base de dados; padronizar métodos, medidas, indicadores de manejo e proteção do recurso natural (solo).