Cotidiano

Especialistas falam sobre o protagonismo do aluno

201609241554292414.jpgRIO ? As propostas realmente inovadoras para a educação colocam o aluno como protagonista do seu aprendizado e garantem o desenvolvimento de projetos que despertem seu interesse e contribuam para a sua formação. Três estudos de caso exemplificaram iniciativas inovadoras neste sentido durante a mesa “O aluno como protagonista”, no segundo dia do encontro internacional Educação 360, realizado neste sábado, pelos jornais O GLOBO e “Extra, em parceria com o Sesc e com apoio da Coca-Cola, TV Globo e Canal Futura, na Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá.

A mesa também foi composta pela pedagoga Cleuza Repulho, ex-presidente da Undime Nacional, e pelo educador português José Pacheco, referência internacional em educação e idealizador da Escola da Ponte, em Portugal, que debateram sobre os projetos apresentados e a dificuldade de torná-los realidade em todo o Brasil.

? O que experiências como essas mostram é que a escola fez o papel dela. Isso não pode ser exceção, tem que ser regra ? criticou Cleuza.

O projeto Acredite!, primeiro estudo apresentado, foi idealizado pelo designer Andre Bello, em parceria com sua filha Ana Helena, de 12 anos. A ideia surgiu quando Bello decidiu transmitir noções de design thinking para a menina, como forma de estimulá-la a desenvolver valores como otimismo, criatividade e colaboração.

O designer percebeu que poderia impactar toda uma geração e decidiu formatar um livro interativo para o projeto e fornecer oficinas em escolas para desenvolver a visão crítica dos jovens e ações práticas de mudança na sociedade a partir da resolução de problemas.

? Promovemos o protagonismo do jovem a partir da leitura do livro. Temos que sair do campo das ideias quando se fala de mudanças na educação e partir para a prática tendo o aluno como centro. Não podemos isolar o jovem esperando que ele desenvolva o protagonismo sozinho.

Brian Correia, de 16 anos, é bolsista de uma escola particular em Cabo Frio, onde Bello realiza a oficina do Acredite!. Apaixonado por cinema, o menino desenvolveu o Cineclube Social a partir do projeto. Ele percebeu que poderia usar o equipamento de audiovisual da escola privada, que fica muito tempo sem uso, para projetar filmes voltados para disciplinas como história e geografia e promover a cidadania para os alunos que precisam.

? Fui estudante de escola pública e senti na pele as dificuldades do sistema de ensino. O meu objetivo era tirar os alunos dessa realidade dura, usando o cinema para transportá-los para um mundo onde a educação é feita pelos próprios alunos ? explicou Correia.

O segundo estudo de caso apresentado foi o trabalho da Escola Classe 314 Sul, em Brasília, que desenvolveu seu projeto pedagógico buscando a felicidade dos alunos. A parceria total entre pais e a equipe do colégio é um dos pilares da instituição.

? Quando assumi, há 16 anos, tínhamos o desafio de fazer as crianças levantarem de manhã e terem vontade de ir para escola. Precisamos ter em mente que elas são a razão do nosso trabalho e temos que entrar na cabeça deles para entender o que dá prazer no aprendizado ? defendeu Sandra Niel, diretora da instituição.

UM FESTIVAL DE MEDALHAS E DE INSPIRAÇÃO

A última iniciativa apresentada emocionou o público durante o Educação 360. A professora de matemática Jonilda Ferreira, da cidade de Paulista, na Paraíba, melhorou o desempenho dos estudantes na disciplina e estimulou a participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) incluindo aulas práticas e criativas e viabilizando um canal de confiança com os alunos. Em 10 anos, a parceria rendeu 14 ouros, nove pratas, 39 bronzes e 112 menções honrosas na competição.

? Levo os alunos para pizzaria, mercado, posto de gasolina e faço receita de bolo para mostrar que a matemática faz parte da vida. Quando o sinal toca, no fim da aula, os alunos lamentam. Muito melhor do que a reclamação de ter que aprender matemática. Acho que a minha vocação é ser professora mesmo, quando vejo um sorriso deles é impressionante ? contou, emocionada.

Para encerrar a mesa, José Pacheco enumerou itens de cada projeto para provocar a reflexão de seus criadores e estimular o crescimento dessas iniciativas e inspirar a plateia a adotar práticas semelhantes.

? Estamos possuídos por um modelo educacional que está em vigor há 200 anos e não é substituído. Com tantos bons projetos e bons professores, o problema da educação brasileira é ser conduzida por burocratas. É preciso formar boas equipes e reconfigurar a prática educacional ? afirmou.