Cotidiano

Entenda a denúncia do MP contra Lula e Marisa por tríplex em Guarujá

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RIO ? O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Roberson Pozzebon argumentou, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, que embora não existam ?provas cabais? de propriedade do tríplex em Guarujá por parte de Luiz Inácio Lula da Silva, há evidências que ligam o ex-presidente e sua família ao apartamento. O MPF acusa Lula, Marisa e outras seis pessoas de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. No caso do ex-presidente, Pozzebon afirmou que houve ocultação da real propriedade do tríplex.

Lula

? Não teremos provas cabais de que Lula é o efetivo proprietário, (mas) justamente por ele não figurar como proprietário configura-se uma forma de ocultação. Não são contratos em que Lula e sua família figurem ostensivamente como proprietários, mas sim através da OAS ? afirmou Pozzebon.

A denúncia do MPF diz respeito à aquisição e posterior reforma e mobília do tríplex em Guarujá, além de contratos para armazenamentos de itens pessoais do ex-presidente Lula em um depósito em São Paulo. Ambos teriam sido feitos com recursos da OAS como propinas pagas a Lula referentes a contratos firmados pela empreiteira com a Petrobras. O valor das propinas, através dos contratos em questão, chegaria a R$ 3,7 milhões.

De acordo com o procurador Pozzebon, há evidências de que na época do contrato firmado em abril de 2005 por Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula, para compra de um apartamento no Residencial Mar Cantárbico, empreendimento da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), uma outra unidade no mesmo edifício já aparecia como reservada. O número que indicava a unidade reservada, uma cobertura, teria sido rasurado no canhoto de compra assinado por Marisa, e substituído pelo número do apartamento que a mulher do ex-presidente Lula comprometia-se a adquirir através de uma compra parcela naquela ocasião.

Em 2009, o Bancoop, que foi presidido pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, passou o empreendimento para a OAS, alegando dificuldades no fluxo de caixa para concluir a construção do condomínio. Após a empreiteira OAS assumir o empreendimento, a cobertura que aparecia antes como reservada foi destinada a Lula e Marisa, constituindo o tríplex, segundo o MPF. A denúncia classifica o processo como ?ajuste criminoso?, que teria sido destinado a cumprir pagamentos de propina a Lula por parte da OAS.

A denúncia do MPF salienta que a cobertura reservada, e que teria sido destinada ao ex-presidente como pagamanto de propina, permaneceu ?ocultado? por ser registrado em nome da OAS, e não em nome de Lula e Marisa, a quem os procuradores acusam de ser os reais proprietários da unidade. Além disso, a denúncia aponta elementos posteriores à conclusão do apartamento, em 2014, que comprovariam ser ele propriedade de Lula e Marisa. Um deles, segundo o MPF, é a presença de caixas encontradas em propriedade de Lula em São Bernardo do Campo cuja destinação, escrita na parte externa, seria o tríplex no Guarujá, além das reformas que teriam sido encomendadas e supervisionadas pela família do ex-presidente no tríplex.

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LULA REAGE À DENÚNCIA

Em sua página no Facebook, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à denúncia do Ministério Público Federal contra ele no caso do tríplex do Guarujá. O petista declarou na rede social que ?jamais foi proprietário? do apartamento, republicando uma nota publicada no site do Instituto Lula.

Segundo a nota, Lula tornou públicos em janeiro passado documentos que provariam que ele não é dono do tríplex de Guarujá. O comunicado reiterou a versão de que Lula esteve apenas uma vez no apartamento, na época em que avaliava uma possível compra do imóvel: “Jamais foi proprietário dele (o triplex) ou sequer dormiu uma noite no suposto apartamento que a Lava-Jato desesperadamente tenta atribuir ao ex-presidente”, afirma a declaração.